sábado, 28 de junho de 2014

Seu lugar de adeus

Aquele era seu canto, o que escolheu para deixar seus pensamentos correrem. Carregado de lembranças, é verdade. Foi o local do seu último adeus e onde tantas vezes misturou suas lágrimas com aquelas águas. Era também o lugar onde conseguia encontrar o ar que lhe dava coragem para enfrentar seus fantasmas. Sexta-feira a noite, deveria estar bebendo com os amigos ou dançando o forró que foi tão insistentemente convidada. Mas precisou fugir, mesmo sentindo um frio de doer a espinha.

O que a levava para lá, nem ela sabia direito. Saudade, raiva, tristeza? Angústia. Angústia é um pouco disso tudo. Era aquela angústia que de tempos em tempos batia no peito. Não queria esperar, mas esperava. Não queria duvidar, mas duvidada. Não queria desconfiar, mas desconfiava. Queria mesmo era a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida. Como era possível se seu coração há muito não tinha essa tranquilidade? Tinha só uma porção de feridas abertas que insistiam em não cicatrizar.

Andava feliz ultimamente, descobriu que seu coração não era lá tão de pedra assim. No entanto, lutava todos os dias contra outros inimigos que tiravam seu sono, sua paz e suas certezas. Lutava contra seus traumas e aquele medo paralisante de passar por tudo de novo. Não seria capaz de aguentar.

E na imensidão daquelas águas artificiais, fixava seu olhar e deixava seus pensamentos irem embora. Há meses resiste, mas está prestes a desistir e ir embora sem deixar rastros novamente. É mais uma batalha perdida contra seus fantasmas.





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