quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Não sei fingir

Não adianta, sou totalmente incapaz de fingir. Não sei fingir ser quem não sou, não sei fingir sentimentos. Não sei fingir quando eu gosto, ou quando eu não gosto. Não consigo, não consigo fazer esforço para agradar as pessoas, para ser paciente com quem eu não tenho paciência, para ser simpática só para gostarem de mim. 

Coisa de brasiliense, alguém com certeza vai falar. Já concordei que sim, parte dessa marra toda está na cultura da cidade, onde as pessoas não se cruzam, não se cumprimentam e adquirem aquele ar blasé que assusta os forasteiros. Mas grande parte da culpa vem da minha total incapacidade de fingir ser diferente do que eu realmente sou.
 
Sou tosca, falo palavrão, perco a paciência na terceira vez que me perguntam algo, fecho a cara quando me irrito, banco a drama queen quando estou triste, procuro desesperadamente um colo quando estou carente, tenho um monte de manias, monto roteiro de viagem, amo acordar cedo e aproveitar o dia, não tenho paciência com gente metida ou que não sabe conversar ou que não vai direto ao ponto, não sorrio pra quem faz piada de mau gosto, não sou simpática com quem já chega tirando onda. E não, eu não quero mudar nada disso.

Gosto de abraço forte, digo que amo quando eu amo, tenho crises de riso incontroláveis, dou presentes e faço surpresas, prefiro escrever do que falar, cuido, cuido muito, escrevo o que eu sinto para entender melhor meu coração, gosto do meu cabelo curto, leio poesia, mas sou incapaz de escrever uma, solto indiretas com músicas, sou a pessoa mais feliz do mundo quando saio para dançar, discuto assuntos polêmicos e não levo para o lado pessoal, escuto mil vezes a mesma música, AMO carnaval,  trato amigos como irmãos, sonho muito, planejo tudo, detono uma panela de brigadeiro em uma sentada. E não, também não quero mudar nada disso.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

HIMYM


Pessoa

    Sossega, coração! Não desesperes!
    Talvez um dia, para além dos dias,
    Encontres o que queres porque o queres.
    Então, livre de falsas nostalgias,
    Atingirás a perfeição de seres. 
    Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
    Pobre esperença a de existir somente!
    Como quem passa a mão pelo cabelo
    E em si mesmo se sente diferente,
    Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

    Sossega, coração, contudo! Dorme!
    O sossego não quer razão nem causa.
    Quer só a noite plácida e enorme,
    A grande, universal, solente pausa
    Antes que tudo em tudo se transforme.

    Fernando Pessoa, 2-8-1933.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sentimentos não foram feitos para interpretações

Sentimentos não foram feitos para ser intepretados. Eles simplesmente existem. E cada um tem jeito jeito de lidar.

Ela chora. Eu escrevo. Ele bebe. Você vai para a gandaia.

E o fato de ela chorar, eu escrever, ele beber e você ir para a gandaia, não quer dizer que nosso coração não está em paz. A vida só é feita de altos e baixos, e os baixos geralmente são mais arrebatadores e muito mais inspiradores.

Sentimentos não foram feitos para ser interpretados, mas sentidos em toda sua plenitude. Até que eles não existam mais.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ladrões de sonhos

Tudo o que eles haviam construído foi por água abaixo. O amor, a amizade, o respeito, a cumplicidade. Mas o pior foram os sonhos...

Ela já se via naquele apartamento com ele, já havia dado presentes e ganhado presentes para a futura casa. Conhecia cada canto do local (afinal, ajudou a escolher e a arrumar), sabia o que faria em cada cômodo, em cada cantinho para ficar com a cara deles.

Imaginava a vidinha dos dois ali dentro, a rotina, os jantares, as risadas. Via ele sentado no sofá rindo enquanto ela jogava Wii (ele não gostava de jogar, mas até seus olhos sorriam quando a viam se divertindo assim). Via ela olhando para ele enquanto ele lia, tão compenetrado (conhecia-o tanto que achava graça dos tiques que ele tinha quando lia, sempre os mesmos). Via o quanto seriam felizes juntos.

Só que, de repente, dissolveram a nuvem na qual estavam sentados, sem nenhum aviso, e ela desabou.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Apesar dos defeitos

Um amor nunca é grande se não for profundo, disso ela sempre soube. E é algo que a conforta bastante, ela sabe que ele nunca conseguirá se entregar como se entregou para ela. Aliás, ele nunca vai querer se entregar, descobriu que a superficialidade o satisfaz mais. Descobriu que é mais fácil viver rodeado de quem só enxerga o que ele quer mostrar, de quem só ama a parte boa. Percebeu o quanto é difícil ter alguém que ama as qualidades, mas, muito mais que isso, ama apesar dos defeitos. Isso é amar com profundidade. O resto é história de contos de fadas.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Abençoada seja Clarice

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada."

(Clarice Lispector)

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A era do "tudo fácil"

Eu definitivamente não consigo entender essa mania do mundo moderno de resumir tudo em redes sociais.

Quando eu era mais nova, ia pras festinhas e o paquerinha, depois de muito ensaio para ter coragem, chegava em mim e pedia meu (pasmem)...  telefone FIXO! Se ele ligava e a mãe atendia, a cara ia no chão, a familia inteira já estava sabendo 5 minutos depois, jurando que era namoro (enquanto eu pensava: nem beijei na boca, mãe).

Depois a tecnologia facilitou a vida dos adolescentes, evitando fuxicos familiares: veio o celular. Ninguém precisava mais rezar pro paquera não ligar quando a mãe estava em casa. Ele ligava, você se trancava no quarto e a conversa fluía (ou não).

Com a evolução do celular veio a SMS. Aí a coisa começou a desandar. O cara até pegava seu número, mas ligar nem pensar, só por mensagem. Ligação só quando estivesse sério.

Tempos depois, veio o boom da internet com seus chats: mirc, ICQ, MSN. O número de telefone não havia morrido, mas a primeira SMS recebida era: qual seu nick/número/email? A conversa passava definitivamente para o meio virtual.

E eis que depois de alguns anos fora do mercado me deparo com uma triste realidade: hoje, nem o número do celular mais, o negócio é Facebook. Isso, minhas caras, nem esperem que eles peçam seu número, não adianta ficar naquela expectativa, com aquelas borboletas na barriga: será que ele liga, será que não? Esquece. Ele vai te adicionar no "face". No máximo, pega seu e-mail para te encontrar por lá. Mas se você mora em uma cidade ovo como a minha, nem isso, provavelmente vocês terão um milhão de amigos em comum e ele vai tentar te encontrar pelo perfil de um deles.

Depois, quando vocês virarem amigos de Facebook, você descobre quantos anos ele tem, quais os amigos em comum, onde ele trabalha ou estuda, do que ele gosta e não gosta, vê um milhão de fotos, conhece os pais e o resto da família até o quinto grau, sabe o que ele vai fazer no final de semana, nas férias ou até na hora do almoço. Além disso, provavelmente vocês ficarão alguns dias conversando amenidades pelo messenger da rede social e irão descobrir mais coisas um do outro, até ele te convidar para sair (isso é, se ele gostar de tudo o que viu até aqui).

Aí o primeiro encontro é aquela coisa, você já sabe o suficiente dele para eliminar aquelas conversas do tipo "o que você faz da vida?", e blá blá blá. Mas não o suficiente para tocar em assuntos polêmicos, poéticos, políticos, filosóficos. Silêncio constrangedor é o que define, na maioria das vezes, ou você finge que não vasculhou a vida do rapaz e pergunta sobre o que já sabe.

Cabô, gente, cabô frio na barriga, cabô sedução, mistério. O primeiro encontro só acontece depois da certeza de vocês terem um mínimo em comum. Os próximos, só depois da certeza, conseguida por mais papo pelo messenger, whatsapp ou SMS (telefone nunca!), de terem agradado no primeiro. Se ambos gostaram, provavelmente conversarão todos os dias por esse meio virtual até o próximo encontro e saberão ainda mais coisas um sobre o outro. Acabou aquela ansiedade, misturada com expectativa: será que ele liga de novo?

O triste disso tudo é que tanta facilidade elimina grande parte do contato físico, do olho no olho, das pernas bambas que a boa e velha conversa face-to-face traz. Aí você acaba ficando com preguiça do rapaz por alguma coisa que ele falou pelo whatsapp (provavelmente algo que você entendeu mal, pois nesses meios é difícil saber se a pessoa está falando sério, brincando ou sendo sarcástica), ou ele cansará de ver você reclamar da vida (porque ele resolveu conversar com você todos os dias, durante a sua TPM), ou um dos dois terá alguma impressão equivocada do outro por uma publicação de status no Facebook. Quer dizer, tudo se resume a meras especulações virtuais e ninguém se conhece direito.

Quem me conhece, sabe o quanto sou adepta às redes sociais. Mas em matéria de conquista, acredito no antigo, ou melhor, no retrô. Custa nada, gente, dar uma ligadinha, chamar para tomar um café para se conhecerem melhor. Depois parte para o face, não tem problema.

Essa nossa mania de pegar o caminho mais curto está eliminando qualquer possibilidade de um pouco de poesia e emoção nas nossas vidas. Afinal, quem é que não gosta de um mistério, de um joguinho de conquista?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ser solteira exige aprendizado

Confesso, nunca lidei bem com a condição de solteira. Adorava falar da liberdade e da independência, mas me desesperava em não ter para quem mandar um "eu te amo!" depois de assistir aquele filme bem meloso, ou aquela declaração de amor depois de duas taças de vinho. Ser solteira era quase sinônimo de estar só na vida, solitária, triste. Não amar ninguém me causava um vazio insuportável no peito. Não é a toa que tive alguns namoros, todos longos, intercalados por raros e curtos períodos de entresafra.

Aí a vida nos dá uma volta, nos derruba no chão e acordamos com uma visão bastante diferente. Foi assim que passei a enxergar esse estado civil como necessário para o amadurecimento. Solteiros, colocamos nossa vida sob uma perspectiva bem diferente de quando estamos em um relacionamento. Passamos a olhar para nós, a pensar no que nós queremos fazer agora, ou pelo resto da vida. Se antes eu pensava por dois, agora só tenho que me preocupar comigo: com o que eu quero, para onde quero ir, o que quero fazer, sem ter que pesar expectativas, sonhos ou planos alheios.

Mas não é fácil. A solteirice exige um aprendizado e, mais importante, um enorme desapego. Temos que aprender a ir ao cinema sozinhos; a comer sozinhos; a tomar um vinho em nossa companhia; a assistir seriado e morrer de rir sem precisar de ninguém do lado; a ir comprar roupas e contar só com a opinião da vendedora; a ficar sexta a noite, sábado a noite e domingo o dia inteiro lendo um bom livro, sem ninguém por perto para te atrapalhar; a dizer para aquela tia chata (olhando nos olhos dela): não, não tô namorando (sem aquela sensação de "aiiii, vou ficar pra titia!"); a ir aos casamentos dos amigos sem carregar aquela invejinha (mesmo que branca), deixando no coração só a satisfação pela felicidade dos pombinhos; e, principalmente, a não se apegar, por carência, a qualquer pão com ovo que aparece na sua frente.

Nunca serei uma solteirona conviccta, não combina comigo. Quando o assunto é amor, minhas convicções são bastante fracas. Apesar da vida ter o endurecido um pouco, ainda tenho um coração mole lá no fundo e, uma hora ou outra, alguém conseguirá alcançá-lo. Mas aprendi que não precisamos sempre do amor da vida para sermos felizes. Podemos ser com um amor do dia, da semana, do mês, de uma viagem, ou só com o amor que sentimos por nós mesmos, por nossos amigos e pela nossa família.

Entendi que coração vazio também é bom, faz circular o ar e renovar o ambiente. ;)



sábado, 2 de fevereiro de 2013

Amor e desamor




Anda tão fácil amar e desamar, namorar e desnamorar, casa e descasar, que acho mesmo que amor de verdade é produto escasso na prateleira dos sentimentos.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Tempo perdido

Uma coisa que eu nunca entendi muito bem é como duas pessoas conseguem ficar juntas, apesar de não serem felizes...

apesar de não se respeitarem,

apesar de não enxergarem um futuro juntos,

apesar de não suportarem os defeitos e nem mesmo as qualidades do outro,

apesar de não gostarem dos amigos e da família do outro,

apesar de não gostarem de escutar o outro.

Ama-se apesar de um monte de coisas...

apesar de alguns defeitos e manias,

apesar das diferenças,

apesar da distância,

Mas nunca pode-se amar apesar da infelicidade.

Então, me expliquem, para que tanto tempo gasto em uma relação perdida?