quinta-feira, 21 de março de 2013

Amores serão sempre amáveis



Eu já acreditei em amor romântico, em amor a primeira vista e em amor da vida. Hoje em dia eu prefiro só acreditar no amor, sem nenhum complemento.

Depois de uma certa idade, aprendi que esperar pelo príncipe encantado é uma ilusão, uma frustração muito grande. Ele não existe, ainda bem. Imagina que chato viver com uma pessoa perfeita, que faz tudo o que você espera. Melhor é aceitar que ninguém terá todas as qualidades que você sonha. Se ele for bonito, vai ser mulherengo. Se ele for romântico, será ciumento demais. Se ele for companheiro, vai ser preguiçoso. E assim por diante. Todo mundo tem uma bagagem, tem seus defeitos. E uma relação só se constrói a partir do momento que você resolve amar, apesar de tudo isso.  Cabe a nós saber o que é essencial e o que nos faz infeliz. O resto, a gente aprende a conviver.

Percebi também o quão louca é essa ideia de imaginar que conhecerei a pessoa que me fará feliz pelo resto da vida atravessando uma avenida qualquer em um dia de verão. Pode acontecer? Claro que sim. Mas é difícil dizer que você começou a amá-la naquele instante. A paixão pode ser instantânea. Podemos nos apaixonar por um olhar, por um sorriso, por um toque. O amor, no entanto, é um edifício, uma construção. Cada dia colocamos um tijolo aqui, consertamos uma parede meio torta ali, escolhemos o melhor piso para a nossa relação. Não será naquele milésimo de segundo que seus olhos se cruzam que um raiozinho vai entrar e chegar direto no seu coração.

Por fim, aceitei que não existe um amor da nossa vida, existem amores da vida. Um amor certo para cada momento da nossa existência e que dure enquanto a relação fizer sentido. Se ela fizer sentido pelo resto da vida, ótimo. Mas se não fizer, não tem problema, outros amores virão igualmente ou mais especiais que os anteriores. É muita pressão acreditar que só existe uma pessoa certa para nós em um mundo desse tamanho. Pessoas entram e saem das nossas vidas a todo instante e algumas delas serão amores das nossas vidas.

Assim, prefiro acreditar só no amor mesmo. Sem a pressão de ter que vivê-lo até o fim dos meus dias, encontrá-lo em uma manhã de primavera cruzando o sinal ou esperá-lo chegar até mim de cavalo branco.  Amor, só amor, daqueles que a gente vai juntando peça por peça no dia-a-dia,  ajustando na rotina.  E como bem lembrou o Poetinha, que ele não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.


Vinícius de Moraes


quarta-feira, 20 de março de 2013

Fragmentos

Mais uma manhã que a cabeça acorda a mil, explodindo. Noite agitada. Sonhos, pesadelos, lavação de roupa suja. Freud explica. Enquanto ele não explica, vamos ao remédio. Não sei o que é pior, essa dor latejante, ou esse remédio que me deixa sem rumo. Não é o remédio que me deixa sem rumo, são os pensamentos. Pensamentos na vida, no futuro, no passado, lembranças dos sonhos, do pesadelo, da lavação de roupa suja. Que será isso, seu Freud? Desejo de resolver a vida enquanto durmo? Ai, essa dor. Fica difícil até manter a cabeça erguida. Enxaqueca é pior que TPM. Imagina quando as duas aparecem juntas. Dá vontade de deitar, mas tenho que trabalhar. Dá vontade de pedir um colo, um cafuné. Dá saudade de ter alguém em quem me aninhar.  Saudade. Saudade de um monte de coisas. Saudade dos meus planos desfeitos. Saudade de ter menos coisas para me preocupar. Saudade de quem vi a dois dias e me fez rir bastante. Adoro quem me faz rir assim, de graça. Deu até vontade de mandar mensagem, melhor não. Tenho que trabalhar. Tenho que resolver um monte de coisas. Marcar salão. Mas a dor ainda está aqui, não me deixa. Dói para me lembrar da noite, dos sonhos, do pesadelo, daquela discussão toda. Desejo reprimido. Vontade de gritar tudo o que ficou engasgado, tudo o que eu queria falar e não falei. Mas sem conversa. Foram anos de conversa, queria falar no grito mesmo, para descarregar todo esse sentimento. Queria chorar. Não consigo, impressionante isso. Aí eu lembro da promessa de deixar a raiva para lá, de viver a vida. Lembro que decidi expulsar os sentimentos ruins e atrair os melhores. Larga a raiva, a mágoa, deixa vir o perdão, a compreensão. Perdão, quem sabe um dia, né? Duvido. E olha que eu perdoo fácil, viu? Ai! Tá bom, não penso mais nisso. Melhor pensar em coisas boas. No fim de semana, amigos, risadas. No café de domingo. Não tomo café, mas gosto de cafés. Companhia agradável. Gosto bastante. Ih, ó, a dor tá indo embora. Foi só pensar em coisa boa. Vou trabalhar.

terça-feira, 19 de março de 2013

Gosto é de gente chata

Gente legal me entedia, eu gosto mesmo é de gente chata.

Nada mais cansativo do que quem concorda com tudo, sorri para todo mundo, tem cinquenta melhores amigos, acha tudo legal.

Gosto mesmo é de gente que critica, questiona, ironiza, reclama, provoca. Gente que acrescenta, que me faz pensar, que me irrita com argumentos difíceis de questionar.

Dessa gente a gente nunca esquece.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Amor para a vida inteira

Minha primeira palavra: bobó... Algo mais próximo possível da palavra que mais amo na vida, vovó. Uma vovó que me mimava, fazia a sobremesa favorita, me escondia debaixo da saia, mas virava pai e mãe na hora de botar limites.

E ela era isso mesmo, avó, pai, mãe, amiga... e o maior exemplo que tive na vida. Foi ela quem me deixou de herança essa enorme vontade de ajudar os outros, essa angústia eterna por fazer algo bom para o próximo. Foi ela quem me mostrou que o perdão é sempre o melhor caminho e que amar não é vergonha nenhuma. Foi ela quem me fez ter senso de humor e me mostrou que rir é o melhor remédio, mesmo quando tudo dá errado. Por causa dela cresci com esse coração tão mole, pois ela me ensinou a confiar nas pessoas acima de tudo.

Quase 5 anos depois, parece que a saudade não diminui nem um pouquinho. O coração dói toda vez que preciso de um colo ou de um cafuné, toda vez que chego em casa louca para contar a última novidade ou mostrar a roupa nova que comprei, toda vez que lembro que ela não estará aqui para me ver casar ou ter filhos.

O que me conforta é saber que onde quer que ela esteja, está muito melhor e olhando por mim.


quarta-feira, 13 de março de 2013

Semideuses! Arre!

Foto: https://www.flickr.com/photos/eleni_pap


Tiraram-me o direito de sentir. Eu, logo eu, que não passo um dia sequer da minha vida sem a necessidade sufocante de transformar meus sentimentos em palavras para ver se desafogo esse coração tão cheio. Eu perdi o direito de sentir... Nem dor, nem raiva, nem mágoa, nem pena, nem compaixão. Nem, sequer, uma fagulha de arrependimento ou uma tentativa de resignação. Não posso sentir nada, nada.

Os outros podem. Eles podem sentir medo, raiva, rancor, insegurança. Podem se sentir humilhados, magoados, traídos. Mas eu, eu não, nunca, jamais. Isso não é postura, não é o que esperam de mim. Eu deveria mesmo levantar a cabeça e seguir em frente sem titubear, não importa o que aconteça. Esquecer sentimentos. Esquecer, até mesmo, que sou capaz de sentir. E de reagir.

São todos tão fortes, centrados, equilibrados. Todos tão, tão sensatos, bons, humildes. Sempre certos, controlados. Como eu ouso sentir? Como? Como eu ouso dizer que sinto? Pessoa, Pessoa, tens razão, ninguém nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu um enxovalho. Semideuses. Arre!

terça-feira, 12 de março de 2013

Odeio isso



Não gosto de cebola, jamais moraria em outra cidade, odeio axé, detesto pessoas diferentes demais de mim, não como camarão nem morta, não curto gente que só usa roupa de marca, odiaria viver em uma cidade grande como São Paulo ou no interior, não coloca sertanejo para tocar que eu vou embora. E assim nós crescemos, cheios de preconceitos e intolerâncias. Cheios de “eu não gosto”, “eu jamais”, “eu detesto”. Cheios de medo de sair da zona de conforto, arriscar, experimentar, testar. Sem nos dar a oportunidade de conhecer o novo e nos surpreender.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Minhas palavras em textos alheios

Li no Don´t Touch My Moleskine:

O amor padece de, pelo menos, dois grandes sobressaltos, por Flavinha Marques

Eram oito horas da noite quando eu pisei no seu pé e levei um tiro no peito. E descobri que o amor padece de, pelo menos, dois grandes sobressaltos: aquele em que se encanta e aquele em que se desfaz. A flor que se desprende. O retrato antigo. O pincel na água depois da aquarela. Todos vêm nos lembrar que a beleza é finita, mas a gente só recorda num atropelo do destino. Num dia em que Deus parece beber ao volante. Sendo que é você quem gira e se estraçalha lá na frente. Coração com fratura exposta e nada da ambulância chegar. Fazer o quê? Ir pingando até a emergência mais próxima. Tome isso, tome aquilo. Chora mais não, já passou. Passou nada. Um cuspe na cara teria doído menos. Mas não haverá revanche. Respeitável público, pode retirar, no guichê mais próximo, o seu dinheiro de volta. Aqui só o bem se apresenta. E que fique claro que o bem não é escolha relegada aos idiotas. O bem é uma arma silenciosa, que não ataca; defende os fortes de caráter. Os que sabem que alma não é coisa que se venda. Vai, atira. Atira! Eu só observo. Eu sou o prisioneiro diante do seu seu algoz. E o que vejo é que se o meu amor transborda em uma carta escrita à mão, o que você é cabe em um bilhete, enquanto o seu mal se espraia aos quarto ventos, sem medida. E, de alguma forma, volta pra você. O seu mal, que me castiga, sem delito, é o mesmo que há de lhe servir de lição. O mal que eu não lhe desejo, mas que eu espero que lhe ensine a ser alguém de verdade, que um amor não é troféu e que não, você não é tão esperto assim. Agora, dá licença, que eu preciso recolher o que sobrou de mim. Dá licença, que esse jogo eu levo, porque a aposta sempre foi mais minha do que sua. Por favor, dá licença, que eu vou ali e não volto. Vou beber com Deus, pra comemorar que sim, você já passou.

;,-)

terça-feira, 5 de março de 2013

Mais ou menos isso


"Quando eu sou boa, sou ótima, mas quando sou má, sou melhor ainda."

(Mae West)



segunda-feira, 4 de março de 2013

With a little help from my friends



Por melhores que sejam os momentos que passamos juntos, por mais gostosas que sejam as risadas e as lembranças em todas as horas das nossas vidas, é num momento de crise que enxergamos  o real valor da amizade. 

Nessas horas que percebemos que amigo, amigo mesmo, move mundos e fundos pra te ver bem, não importa se ele está do seu lado todos os dias, ou em NY, Londres, Rio, Paris, São Paulo, Marte... O que importa é que o amor deles é capaz de te buscar lá no fundo e te colocar de pé, te arrancar risadas mesmo quando o coração ainda dói.

São eles que estão dispostos a te ouvir contar dez mil vezes a mesma história; te aguentar chorando litros e litros no ombro deles;  te levar uma bandeja de docinhos quando você está doente e sozinha em casa; te fazer rir com as situações mais tensas da sua vida; te deixar pra cima mostrando o quanto você é maior do que seus problemas; a topar qualquer programada de índio que você proponha, só para te verem bem. São eles que vão te provocar as maiores crises de riso da sua vida; estar com você nas melhores baladas; enfrentar um Carnaval frenético com você no Rio de Janeiro; fazer planos para ir para a Europa, Las Vegas ou Júpiter.

São esses amigos que vão te dar as broncas mais doces da sua vida quando acharem que você não está agindo certo. Que vão te ligar no meio do expediente só para dizer que amam e que estão ali, na hora que precisarem. Que vão passar um dia inteiro trocando um milhão de mensagens no whatsapp, fazendo aquele dia difícil passar em um segundo e com muitas risadas.

São esses amigos meus que me fazem acordar bem todos os dias. Que me fazem entender que no matter what happens, eu sempre terei eles bem pertinho de mim para levantar quando a vida me der outro tombo.




domingo, 3 de março de 2013

Escrever é esquecer

"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."

Fernando Pessoa 




sexta-feira, 1 de março de 2013

Rio, você nunca me decepciona

Rio, Rio, você nunca me decepciona.

Nem com chuva, nem com calor de 40 graus na sombra.

Você nunca me decepciona.

E não há Jornal Nacional ou William Bonner que me faça desacreditar de você.

Rio, rio, você nunca me decepciona.

Refúgio perfeito para os meus corações partidos, para as minhas decepções. Cenário perfeito para meus recomeços.

Não, Rio, você nunca, nunca vai me decepcionar.

Feliz Aniversário!




Sorrisos

Por mais clichê que isso possa parecer, sou adepta aos sorrisos bonitos. Aqueles sorrisos largos, com vontade de sorrir, com todos os dentes a mostra. Prometo casa, comida e roupa lavada por um desses.

Você olha o cara e pensa “nhé, bonitinho...”, ou “nhé, nada de mais”. De repente, aquele sorriso. Borboletas começam a voar e vão direto para a minha barriga, violinos tocando o tema de Love Story e tudo mais. A pessoa não tem nada a ver com você, às vezes nem é bonita assim, talvez nem seja gente boa, mas quando sorri, meus amigos, não há pernas que me sustentem em pé.  Perco o rumo.

Mas bom mesmo é quando o sorriso é exclusivamente seu. Na mesa de bar é uma coisa. Com você é outra, completamente diferente. Ganha cor, música, sinceridade. Ganha brilho. Ganha palavras doces e uma ternura que só você entende. Você sabe que aquele sorriso é só seu e de mais ninguém.  Desses eu nunca consigo escapar.