quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Virei lua

Lembro daquele toque cafona do meu celular toda vez que você ligava. Quando a gente ama brilha mais que o sol. Acho que virei lua.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Fantasia

Ah, meu amigo, pois você precisava tê-la conhecido antes. Seus olhos nunca se perdiam ao olhar os meus. Pelo contrário, entravam tão profundamente na minha alma que descobriam até o que eu tentava esconder de mim. Sua boca não resistia a um toque que fosse, se entregava aos meus beijos com a sede de quem percorre um deserto no verão. Seu estômago tinha criação de borboletas que preenchiam esse vazio enorme que a faz sofrer tanto. Seus abraços eram tão ternos e calorosos que eu podia passar um dia inteiro naquele aconchego. Suas pernas estremeciam de saudade, de paixão e de vontade. Ela sonhava e não tinha medo de sentir. 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

É engraçado.

É engraçado estar aqui onde foi sempre o seu lugar. O sotaque, o cheiro, a comida, as pessoas, é tudo como você descrevia. Até o clássico no estádio me lembra aquela foto do famoso PF que você sempre mandava, e eu ria. 

É engraçado pensar como isso fez parte do meu imaginário, e da imagem que construí de você, mesmo sem conhecer. Como você falava de tudo isso com tanta paixão, deixando imagens tão vivas e reais, como se eu já tivesse vivenciado tudo isso.

É engraçado voltar após tanto tempo e perceber que tudo mudou. A cidade continua a mesma, os aromas ainda são sedutores, o sotaque me encanta, mas não tem mais nada ligado a você. Vivi um outro lugar, com outras pessoas. Por mais que as lembranças venham, e seria impossível que não viessem, há cada vez menos de você em tudo o que eu faço. 

É engraçado como as coisas passam quando a gente se distrai e a vida acontece quando a gente para de esperar por ela, né?

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Sinceras desculpas

Aquela nossa conversa estava certa. Tem dias que a gente não se aguenta. Fala, briga, xinga. Diz que nunca mais quer ver. Sente muita raiva. Mas não adianta, você é o que quero na minha vida. Ninguém me entende melhor, ninguém me quer tão bem. A convivência é cruel, embora o tempo seja determinante. Desculpa se não consigo ser como você quer, mas, acredite, sou o melhor que posso. E serei o melhor que posso pra você. Sempre. 

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

E eu que sou homem, branco, heterossexual, ninguém se importa?

O Brasil anda do avesso mesmo.

Hoje, se um índio ou afrodescendente tirar a mesma nota que um branco no vestibular, os dois primeiros tem preferência para ingressar na universidade pública. E eu, branco (que sempre tive acesso à educação de qualidade e à cultura, nunca sofri preconceitos por conta da minha cor de pele, nem de minhas origem e sempre fui bem aceito em qualquer lugar que entro), sou excluído.

Os índios querem ter direito, por lei, a terras que ocuparam no passado. Isso quer dizer que 450 mil índios poderão ser donos de 15% do território nacional. E eu, branco (que não vi meu povo ser dizimado por outra civilização e nunca fui expulso das terras que ocupei por centenas de anos), fico só com 85% das terras.

Os quilombolas, descendentes dos negros que fugiram da escravidão brasileira, também estão abocanhando boa parte dessas terras, mais do que a Constituição de 88 destinou a eles. E eu, branco (que nunca fui escravizado, espancado e obrigado a trabalhar; que nunca tive minha liberdade tomada de mim; e nem precisei fugir para não morrer), fico sem mais terras.

Os homossexuais pedem a criminalização da homofobia e querem cartilhas que expliquem às nossas crianças sobre a homossexualidade. E eu, heterossexual (que nunca sofri preconceito pela minha orientação, nunca perdi um emprego por ser visto como diferente, tenho direito de casar e adotar filhos e não sofro violência na rua por estar abraçado com quem eu amo), sou esquecido.

As mulheres querem direito ao aborto, à reserva de vagas no mercado de trabalho e na política, salários maiores e direitos iguais. E eu, homem (que nunca apanhei do marido, nem recebi menos apenas por conta do meu gênero; que não sei o que é viver com medo de ser estuprado; que tenho total controle e direito sob o meu corpo), não tenho direito a licenças e regalias.

Os bandidos, assassinos e ladrões pedem direitos humanos, prisões melhores, respeito dos policiais e da população. E eu, cidadão de bem que nunca fiz nada de errado (e também nunca apanhei de um policial por ter roubado um prato de comida; nunca fui jogado como bicho dentro de uma cadeia que vai me tornar uma pessoa muito pior do que entrei; nunca fui amarrado a um poste sem qualquer explicação), não posso ser a favor da pena de morte e ainda tenho que conviver com a bandidagem nas ruas.

Os mais pobres querem bolsa isso, bolsa aquilo, casa, comida e emprego. E eu, classe média (que tenho acesso a boas oportunidades de vida, ao lazer, cultura, educação, saúde; que consegui estudar para ter um bom emprego; que tive pais que não precisavam me deixar e trabalhar 15 horas por dia para me sustentar), tenho que financiar tudo isso com os impostos que pago.

Francamente, está muito difícil ser branco, homem, heterossexual,  classe média e ter reputação ilibada nesse país.


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Manhã I

Abro os olhos e me lembro; você não existe mais. Nem sei se um dia existiu, talvez tenha sido só fruto do meu desejo. 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sobre amor e saudade

[1]
Não precisávamos de muito, nossos olhares se cruzando tinham mais conteúdo que uma hora de conversa. Não precisávamos das palavras, o abraço falava por elas. Não precisávamos de consolo, a vida coloria no momento em que minha cabeça encostava no seu colo. Não precisávamos de nada, só estar perto, para que o mundo se tornasse um bom lugar para se viver.


[2]
Eu continuo achando o seu sorriso o mais bonito; ainda dou gargalhadas, sozinha, das suas gracinhas. Eu ainda acho o seu colo o mais acolhedor e sinto todo o amor que você me deu vivo dentro de mim. Ainda durmo pensando em você na maioria das noites, e sua imagem habita meus sonhos insistentemente.

[3]
esse amor, esse amor... não pode existir nenhum maior, nem mais verdadeiro. Esse amor, não.vai.morrer.nun.ca.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Reencontro

Há meses eu não via esse sorriso bobo. Cheguei a achar que nunca mais veria de novo. De repente você está aqui, na minha frente. E eu te reconheço tão bem. Esses olhos tão cintilantes e essa expressão de quem acabou de comer três fatias daquele bolo de chocolate que você tanto gosta. Parece que todo gelo que adoeceu minha alma desapareceu, sinto tudo esquentando de novo. Pode ser que isso nem dure um dia inteiro. Mas, pra mim, não importa mais quanto tempo você fica, só me interessa essa sensação de estar viva de novo que sinto todas as vezes que você aparece.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

...

Foto: https://www.flickr.com/photos/84744710@N06/

Enquanto, insone, você mergulha nas angústias inacabadas, são meus pesadelos que me inquietam. Você querendo dormir para acalmar a alma, eu desejando que o sono não venha para que meu coração não se agonie de novo. Então eu me lembro do início, quando alertaram que entre nós existia uma conexão difícil de ser desfeita, um elo de almas que não se desligam facilmente. Talvez por isso o silêncio tenha sempre falado por nós. O olhar, o tom de voz, os gestos sempre disseram mais do que as palavras... nós nunca precisamos delas. Mas sempre precisamos um do outro para decifrar tanto sentimento sufocado, para estimular os planos ainda não desfeitos e embarcar nos sonhos impossíveis. Difícil ter que caminhar com as próprias pernas...

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Como sempre

Foto: https://www.flickr.com/photos/photosavvy

Foi o barulho do celular que me fez acordar. "Eu te amo", você mandou. Havia 3 chamadas não atendidas. Não consegui retornar, era ano novo. "Também te amo", respondi. Mas não queria dizer que estava bem com a situação.

Quando escrevi aquele e-mail, não foi por raiva, foi por rancor, ressentimento. Foi pra te dizer o que estava engasgado há tanto tempo e nem eu sabia como colocar em palavras. No fundo, queria mesmo era que você lesse, pegasse o primeiro avião e, ao menos, se desse o trabalho de me escutar. Mentira. Eu queria era sentir o conforto do seu abraço.

Ao invés disso, nem sua voz eu escutei. Algumas mensagens engraçadinhas, mas nenhum carinho sincero. Como sempre. Um medo indisfarçável de encarar a situação com o coração aberto. Como sempre. A falta de coragem de tentar mudar essa situação na qual você nos colocou. Como sempre. E eu me sentindo de novo no meu lugar de abandono. Como sempre.