quinta-feira, 20 de julho de 2017

luta



Simone, você pedia para que nada nos definisse
Mas ah, se você soubesse
Bom, desculpe, tenho certeza que sabe
É uma luta diária, né?
Ser mulher,
Respeitada.
Me pergunto diariamente como uma palavra tão simples
consegue ser tão difícil: respeito.
Respeitar o que somos, quem somos,
o que queremos.
Respeitar nossa história de vida,
nossos traumas, nossos medos.
Respeitar nossas prisões
e principalmente nossas liberdades.
Que nada nos sujeite, você dizia
Nem os padrões, nem as expectativas,
nem a sociedade, nem o estado,
nem nossas famílias.
Somos sujeitas de nós mesmas,
mas é assustadoramente pesado soltar as asas
para que a liberdade seja a nossa própria substância.
Porque querer ser livre quando nascemos presas
é tarefa árdua.
Os olhares nos prendem e
os julgamentos nos aprisionam.
Ninguém está disposto a entender,
somente em apontar, rotular,
nos devolver pra caixa de onde nunca deveríamos ter saído
Ai de nós que nos atrevemos a sair,
a ser, a gritar, a fazer!
Loucas, descontroladas, bruxas,
todas para a fogueira!
Ai de nós que fugimos ao padrão,
que questionamos, brigamos!
Lugar de mulher não é esse.
Ai de nós que queremos provar
que lugar de mulher é em qualquer lugar,
que o corpo e a alma são nossos
e que na nossa liberdade ninguém mexe!
Ai de nós, Simone, ai de nós que lutamos!