quarta-feira, 16 de abril de 2014

Lua de sangue

Não lembro quem disse: só os apaixonados enxergam o coelho.  Mas recordo bem, foi você que me deu a lua pra te sentir por perto todas as vezes que a saudade apertasse.  Olha o queijão que mandei te entregar, você dizia.

E então a lua nunca mais foi a mesma pra mim. Conquanto quisesse chamar minha atenção fazendo, como uma bruxa, eu me afogar num mar de ressentimento e nostalgia, desviava o olhar para as estrelas. Aquele coelho traíra minha confiança inúmeras vezes. 

Hoje, encarei-a de frente. Era aquele mesmo queijão imenso, amarelado, hipnotizador. No lugar do coelho, só um monte de manchas disformes. Desejei com toda força que ela te levasse daqui, já passou da hora de te soltar. E que junto com você vá toda a mágoa. Deixa aqui comigo só as doces lembranças de um grande amor. Não sejamos mais tão injustos com a nossa história. 

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