segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Minha cidade é pálida

É difícil admitir, mas Brasília é pálida. Cada dia mais pálida.

Mesmo que ela tenha o céu mais azul que eu já vi, os ipês roxos, amarelos, rosas, o pôr-do-sol cada dia de uma cor. Ela é pálida.

Ainda que ela tenha sido criada a partir da explosão de diferentes culturas, ritmos, cores, sons e sabores. Ela é pálida.

A minha cidade, que um dia foi para mim um lugar de múltiplas possibilidades, apaga-se diante de mim a cada momento. Torna-se opaca, sem graça. E nem mesmo a fotografia já me atrai tanto. A paisagem não muda, as pessoas não mudam, os assuntos não mudam.

Brasília, tadinha, carrega um estigma desde sua criação: uma cidade de funcionários públicos, construída para servir ao governo. Assim, foi tudo jogado em uma cesta: suas cores, suas pessoas, seus sabores, sua diversidade e seu potencial criativo. Tudo feito para servir a burocracia e nada além disso é aceitável. É tudo igual, sempre. E sempre será tudo igual. Cada dia mais igual.

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