segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Palestras motivacionais
Os entusiastas que me perdoem, mas palestras motivacionais não me descem na garganta. Elas funcionam quase como uma seita religiosa. Tudo o que o palestrante fala, a plateia responde amém. Ele mal termina a frase, e já ouvem-se palmas, gritinhos estusiasmados e, muitas vezes, até choros emocionados. Suas frases viram citações, murais, imagens no Facebook, quase como se fosse uma citação bíblica, uma frase de Einstein, Freud ou Platão ou, pior, um verso Pessoa ou Drummond. Mas não me convence. Esses palestrantes podem até ter uma história de vida muito interessante para ser contada, podem até dar bons conselhos, mas o espetáculo que fazem em cima dos seus discursos torna tudo muito falso para mim. E eles acabam tornando-se, somente, bons de lábia. Assim como os pastores de algumas igrejas, os malandros, os golpistas, os cafajestes, os vendedores de enciclopédia e os políticos.
sábado, 28 de janeiro de 2012
Eu não nasci para a poesia
Não, não nasci mesmo! E eu juro que já tentei. Ali, na minha
adolescência, Ensino Médio, mais ou menos. Essa fase diabólica de nossas
vidas que oscilamos entre ser atriz, engenheira mecânica, promotora de
justiça e dentista. Pois é, foi aí que tentei. Lia, lia, lia e até
arriscava uns versinhos, mas o máximo que eu rimava era coração com
paixão e, quando queria ser mais ousada, rimava também com limão.
O pior é que não sou só ruim para ler, tenho uma incapacidade imensa de entendê-las. Com algumas exceções, claro. Pessoa, Drummond e Vinícius são meus preferidos, Bilac também, vá lá. Mas acaba aí. Ok, sou alfabetizada, sei ler e acho que escrevo bem. Então entender, eu entendo, mas não capto a essência, sabe? E eu até me acho uma pessoa sensível, mas não consigo, gente. É muita abstração. Leio, leio, leio e tá, enfim... e aí?
Definitivamente, eu nasci para a prosa. Saramago, Machado de Assis, Isabel Allende, Gabriel Garcia Marquez e as crônicas de Veríssimo. Cada qual com um estilo diferente, mas todos em prosa. Sem versinhos, sem rimas, mas com beleza e muita genialidade. O amor, a mulher e a flor viram páginas e páginas de imagens e descrições que se misturam em nosso imaginário, transformando dias em segundos, em uma lembrança única de um curto espaço de tempo.
Pensando bem, até existe uma poesia dentro da prosa. Alguém vai dizer que não precisa de poesia para ler Saramago e para entender a ironia ácida de Machado de Assis e Veríssimo? Ou discordar que seria praticamente impossível sentir a dor de Allende nas cartas escritas no leito de morte de sua filha, ou entender o amor de Florentino por Fermina Daza em Amor nos Tempos do Cólera?
É, não há como negar, a prosa não existe sem a poesia. E a poesia também não existe sem a prosa. Para bom entendedor, seja de prosa ou se poesia, não é meia palavra que basta, mas sim um pouco de sensibilidade, de calor no coração. Uma leve sede por decifrar o mundo das palavras, da literatura. E uma grande vontade de entender sentimentos e desvendar personagens que talvez nunca saiam de nossas vidas.
O pior é que não sou só ruim para ler, tenho uma incapacidade imensa de entendê-las. Com algumas exceções, claro. Pessoa, Drummond e Vinícius são meus preferidos, Bilac também, vá lá. Mas acaba aí. Ok, sou alfabetizada, sei ler e acho que escrevo bem. Então entender, eu entendo, mas não capto a essência, sabe? E eu até me acho uma pessoa sensível, mas não consigo, gente. É muita abstração. Leio, leio, leio e tá, enfim... e aí?
Definitivamente, eu nasci para a prosa. Saramago, Machado de Assis, Isabel Allende, Gabriel Garcia Marquez e as crônicas de Veríssimo. Cada qual com um estilo diferente, mas todos em prosa. Sem versinhos, sem rimas, mas com beleza e muita genialidade. O amor, a mulher e a flor viram páginas e páginas de imagens e descrições que se misturam em nosso imaginário, transformando dias em segundos, em uma lembrança única de um curto espaço de tempo.
Pensando bem, até existe uma poesia dentro da prosa. Alguém vai dizer que não precisa de poesia para ler Saramago e para entender a ironia ácida de Machado de Assis e Veríssimo? Ou discordar que seria praticamente impossível sentir a dor de Allende nas cartas escritas no leito de morte de sua filha, ou entender o amor de Florentino por Fermina Daza em Amor nos Tempos do Cólera?
É, não há como negar, a prosa não existe sem a poesia. E a poesia também não existe sem a prosa. Para bom entendedor, seja de prosa ou se poesia, não é meia palavra que basta, mas sim um pouco de sensibilidade, de calor no coração. Uma leve sede por decifrar o mundo das palavras, da literatura. E uma grande vontade de entender sentimentos e desvendar personagens que talvez nunca saiam de nossas vidas.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Um conto de fadas moderno, parte II
Chegou o dia do tão esperado encontro. O e-mail dele mostrara que ela já o havia impressionado. Mesmo assim, queria causar boa (ou melhor) impressão. Escolheu uma roupa bem bonita, maquiou-se, passou o perfume mais gostoso que tinha. Só não colocou um salto porque o rapaz era mais baixo que ela (fato, aliás, comum, com seu um metro e oitenta de altura).
Ele apareceu na hora marcada, interfonou e ela desceu. Quando o viu ainda atrás do vidro da portaria percebeu que ele era muito diferente do estilo de caras que costumava gostar: camisa pólo, calça jeans básica e botas Bullterrier. OK, sem preconceitos. Um detalhe chamou sua atenção, ele estava com uma das mãos para trás. Pensou consigo mesma: será que é o que estou pensando? Era. Mal saiu da portaria e ele lhe entregou uma rosa vermelha com um sorriso imenso nos lábios. Ela o cumprimentou e saíram para o primeiro encontro.
Escolheram um local onde tocava um choro e servia uma comida deliciosa. Ambos estavam nervosos. Ela, mais desenvolta que el, resolveu puxar assunto. Descobriu que ele viveu muito tempo em outra cidade onde, por coincidênica, vivia boa parte de sua família. Conversaram muito sobre o estilo de vida nas duas cidades.
- E o que você gostava de fazer quando morava lá?, ela perguntou
-Ah... Eu assistia futebol, trabalhava com sistemas de computação e tomava Coca-Cola Light.
Nessa hora percebeu-se um constrangimento na mesa. Ela, sem graça, pediu licença, precisa ir ao banheiro.
Ok. Tinha decidido ser mais aberta esse ano, mas tomar Coca-Cola light?! Desde quando isso define o que uma pessoa faz da vida? Achou melhor olhar seus e-mails de trabalho no smartphone para esfriar a cabeça; Acalmou-se e voltou para a mesa.
Dessa vez foi ele quem resolveu puxar assunto. Resolveu contar para ela o que não teve tempo de contar naqueles 7 minutos do speed date. Disse que havia se separado a um ano de um relacionamento de quase 15 anos e que tinha um filho de 7 anos. Para ela, nada disso representava um problema, achava que, apesar de mais nova e sem filhos, um relacionamento poderia muito bem funcionar nessas condições. Ele, então, achou que seria legal conversar sobre seu divórcio:
- Então, aí, para ficar mais fácil com a criação de nossos filhos, eu e minha ex-mulher resolver morar na mesma quadra, em prédios um ao lado do outro.
- Ah... - ela respondeu, achando estranho.
- Pois é. Sabe? Logo que me separei, toda vez que lavava a louça começava a remoer todas as mágoas que tinha com a minha ex-mulher. Foi aí que tive a ideia de comprar uma máquina de lavar louças. Assim, meu problema se resolveria.
Pausa. Ela não sabia o que responder e, de novo, pediu licença e foi ao banheiro. Pensou: é... para que Freud, para que Jung, se todos podemos comprar uma máquina de lavar louças, não é mesmo? Não, não queria voltar para a mesa, tinha medo da próxima pérola que escutaria. Tão avessa às tecnologias e ao papel que ela tomam na nossa vida hoje em dia, deu graças a Deus pelo Blackberry e o IPhone que tinha nas mãos. Ia checar o Facebook, era o melhor que tinha a fazer.
Voltou para a mesa e disse: vamos embora? Pagaram a conta e foram. Chegando na frente de seu prédio, sentiu aquele constrangimento comum de todo primeiro encontro. Mas ela só queria ir embora. Correndo, de preferência. E foi.
A lição que tirou disso tudo: nem tudo que funciona em 7 minutos, funcionará em 14. Mas foi divertido.
* A história relatada aqui é ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência
Ele apareceu na hora marcada, interfonou e ela desceu. Quando o viu ainda atrás do vidro da portaria percebeu que ele era muito diferente do estilo de caras que costumava gostar: camisa pólo, calça jeans básica e botas Bullterrier. OK, sem preconceitos. Um detalhe chamou sua atenção, ele estava com uma das mãos para trás. Pensou consigo mesma: será que é o que estou pensando? Era. Mal saiu da portaria e ele lhe entregou uma rosa vermelha com um sorriso imenso nos lábios. Ela o cumprimentou e saíram para o primeiro encontro.
Escolheram um local onde tocava um choro e servia uma comida deliciosa. Ambos estavam nervosos. Ela, mais desenvolta que el, resolveu puxar assunto. Descobriu que ele viveu muito tempo em outra cidade onde, por coincidênica, vivia boa parte de sua família. Conversaram muito sobre o estilo de vida nas duas cidades.
- E o que você gostava de fazer quando morava lá?, ela perguntou
-Ah... Eu assistia futebol, trabalhava com sistemas de computação e tomava Coca-Cola Light.
Nessa hora percebeu-se um constrangimento na mesa. Ela, sem graça, pediu licença, precisa ir ao banheiro.
Ok. Tinha decidido ser mais aberta esse ano, mas tomar Coca-Cola light?! Desde quando isso define o que uma pessoa faz da vida? Achou melhor olhar seus e-mails de trabalho no smartphone para esfriar a cabeça; Acalmou-se e voltou para a mesa.
Dessa vez foi ele quem resolveu puxar assunto. Resolveu contar para ela o que não teve tempo de contar naqueles 7 minutos do speed date. Disse que havia se separado a um ano de um relacionamento de quase 15 anos e que tinha um filho de 7 anos. Para ela, nada disso representava um problema, achava que, apesar de mais nova e sem filhos, um relacionamento poderia muito bem funcionar nessas condições. Ele, então, achou que seria legal conversar sobre seu divórcio:
- Então, aí, para ficar mais fácil com a criação de nossos filhos, eu e minha ex-mulher resolver morar na mesma quadra, em prédios um ao lado do outro.
- Ah... - ela respondeu, achando estranho.
- Pois é. Sabe? Logo que me separei, toda vez que lavava a louça começava a remoer todas as mágoas que tinha com a minha ex-mulher. Foi aí que tive a ideia de comprar uma máquina de lavar louças. Assim, meu problema se resolveria.
Pausa. Ela não sabia o que responder e, de novo, pediu licença e foi ao banheiro. Pensou: é... para que Freud, para que Jung, se todos podemos comprar uma máquina de lavar louças, não é mesmo? Não, não queria voltar para a mesa, tinha medo da próxima pérola que escutaria. Tão avessa às tecnologias e ao papel que ela tomam na nossa vida hoje em dia, deu graças a Deus pelo Blackberry e o IPhone que tinha nas mãos. Ia checar o Facebook, era o melhor que tinha a fazer.
Voltou para a mesa e disse: vamos embora? Pagaram a conta e foram. Chegando na frente de seu prédio, sentiu aquele constrangimento comum de todo primeiro encontro. Mas ela só queria ir embora. Correndo, de preferência. E foi.
A lição que tirou disso tudo: nem tudo que funciona em 7 minutos, funcionará em 14. Mas foi divertido.
* A história relatada aqui é ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Um conto de fadas moderno, parte I
Ano novo tem sempre um potencial de mudança de vida. Com ela não era diferente. Já teve vários casos, é certo, mas nunca um namorado. Percebeu que só se envolvia com pessoas que viviam longe. Mas esse ano seria diferente. Sentia-se mais bonita, mais confiante e mais madura para entrar em um relacionamento. Resolveu que não passaria o ano procurando alguém como das outras vezes, mas também não deixaria nenhuma oportunidade lhe escapar. E foi numa dessas que entrou com umas amigas num tal de speed date, nos moldes das comédias românticas mesmo.
10 moças e 10 rapazes encontram-se em um bar qualquer onde 10 mesas com dois lugares os esperam. Para quebrar o gelo, cada um deve escolher um papel com uma pergunta e alguém para perguntar. Achou as questões um pouco fracas. Também pudera, alguém com uma alma tão sensível não se contentaria em saber qual a estação do ano preferida, ou qual viagem mais gostou de fazer, daquele que poderia virar o amor que tanto esperava. Respirou fundo e anunciou que não tiraria nenhum papel, formularia uma pergunta ela mesma.
Olhou nos olhos do único rapaz que a interessou realmente e disse: qual sua música preferida e o que ela te evoca?. A resposta, não se recorda mais. Depois de feita a pergunta, a vergonha tomou conta e imagino que tenha ficado bem vermelha. Em suas palavras: havia depositado energia demais na formulação da pergunta.
Depois da dinâmica, a parte mais constrangedora: moças e rapazes iriam, literalmente, escolher seus pares. Cada moça sentou em uma mesa enquanto os rapazes rodavam em sentido horário. Eram apenas 7 minutos para cada casal se conhecer e, ao final, cada um deveria marcar em sua prancheta as seguintes opções:
( ) interesse ( ) amizade ( ) não interesse
E eis que chega a hora em que ela iria constatar se sua pergunta e toda aquela energia gasta valeram mesmo a pena. A impressão dele, ela não conseguiu perceber. Ou conseguiu e guardou só para ela. Mas o fato é que sentiu que eles tinham tudo a ver um com o outro. Rotinas parecidas, o mesmo amor à natureza e ao dia, as mesmas vontades. Sentiu, entre os dois, uma energia gostosa como poucas vezes sentiu com alguém.
Bom, mas apesar de speed, era preciso ainda aguardar o resultado. As responsáveis pelo encontro teriam que cruzar as fichas dos participantes e as opções marcadas na prancheta para, então, passar aos possíveis casais os contatos dos seus pares.
Foram 24 horas de grande ansiedade.
A boa notícia, no entanto, não aconteceu quando chegou a tão esperada planilha de Excel, mas 10 minutos depois quando, em sua caixa de mensagem chega um e-mail doce e delicado, pedindo pelo menos mais 7 minutinhos de encontro. E a assinatura? Adivinhem!
* A história relatada aqui é ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
10 moças e 10 rapazes encontram-se em um bar qualquer onde 10 mesas com dois lugares os esperam. Para quebrar o gelo, cada um deve escolher um papel com uma pergunta e alguém para perguntar. Achou as questões um pouco fracas. Também pudera, alguém com uma alma tão sensível não se contentaria em saber qual a estação do ano preferida, ou qual viagem mais gostou de fazer, daquele que poderia virar o amor que tanto esperava. Respirou fundo e anunciou que não tiraria nenhum papel, formularia uma pergunta ela mesma.
Olhou nos olhos do único rapaz que a interessou realmente e disse: qual sua música preferida e o que ela te evoca?. A resposta, não se recorda mais. Depois de feita a pergunta, a vergonha tomou conta e imagino que tenha ficado bem vermelha. Em suas palavras: havia depositado energia demais na formulação da pergunta.
Depois da dinâmica, a parte mais constrangedora: moças e rapazes iriam, literalmente, escolher seus pares. Cada moça sentou em uma mesa enquanto os rapazes rodavam em sentido horário. Eram apenas 7 minutos para cada casal se conhecer e, ao final, cada um deveria marcar em sua prancheta as seguintes opções:
( ) interesse ( ) amizade ( ) não interesse
E eis que chega a hora em que ela iria constatar se sua pergunta e toda aquela energia gasta valeram mesmo a pena. A impressão dele, ela não conseguiu perceber. Ou conseguiu e guardou só para ela. Mas o fato é que sentiu que eles tinham tudo a ver um com o outro. Rotinas parecidas, o mesmo amor à natureza e ao dia, as mesmas vontades. Sentiu, entre os dois, uma energia gostosa como poucas vezes sentiu com alguém.
Bom, mas apesar de speed, era preciso ainda aguardar o resultado. As responsáveis pelo encontro teriam que cruzar as fichas dos participantes e as opções marcadas na prancheta para, então, passar aos possíveis casais os contatos dos seus pares.
Foram 24 horas de grande ansiedade.
A boa notícia, no entanto, não aconteceu quando chegou a tão esperada planilha de Excel, mas 10 minutos depois quando, em sua caixa de mensagem chega um e-mail doce e delicado, pedindo pelo menos mais 7 minutinhos de encontro. E a assinatura? Adivinhem!
* A história relatada aqui é ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Francamente
"Vamos falar francamente (...) do ponto de vista histórico, os
erros cometidos por um verdadeiro movimento revolucionário são
infinitamente mais férteis do que a infalibilidade do mais inteligente
Comitê Central"
(Rosa Luxemburgo, 1961)
(Rosa Luxemburgo, 1961)
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Ser romântica
A história é batida. Carolina é uma adolescente de 15 anos que mora
com a avó, D. Ana. Seu irmão, Filipe, resolve levar os amigos Leopoldo,
Fabrício e Augusto para a casa da avó, em uma ilha. Para atraí-los,
Filipe fala de suas primas e sua irmã que estariam presentes em um baile
no fim de semana. Mas Augusto anuncia que não sabe ficar apaixonado por
uma mulher por 15 dias seguidos. Acontece que, entre idas e vindas,
apostas feitas e acordos desfeitos, um belo dia Augusto conta a D. Ana
que seu coração já tem dona. Uma menina que ele encontrou aos 13 anos na
praia. Ao ajudarem a pobre família de um moribundo, ganharam dele um
breve: o de Augusto contém o botão de esmeralda da amada e o dela o
camafeu de Augusto. Ao fim, como esperado, Carolina e Augusto descobrem
que são aquele casal de crianças que ajudou o homem na praia, anos
atrás.
A Carolina em questão é A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Mas bem que poderia ser eu aos 14, 15 anos. Bem que poderia ser muita menina nessa idade. Afinal, qual garota nunca sonhou com um príncipe encantado, com uma história de amor como esta?! E quem nunca quis receber uma chuva de rosas, um coração gravado na árvore, um camafeu com a foto do amado?
Infelizmente, ou felizmente, a gente cresce, amadurece e vê que não passam de ilusões adolescentes, criadas a base de contos de fadas e comédias românticas açucaradas. Mas isso não é necessariamente ruim.
Percebemos que os príncipes encantados em seus cavalos brancos não existem e que, na verdade, se existissem, seriam muito chatos, perfeitinhos demais, e nos sentiríamos sempre muito mal perto deles com todos os nossos problemas e imperfeições. Percebemos que as histórias de amor até existem, mas são muito raras. Ainda bem, pois não precisamos esperar o homem ideal cair no nosso colo em uma viagem para a Índia. Ele é uma pessoa comum e podemos encontrá-los em qualquer lugar: na escola, na rua, na faculdade, no trabalho. Entendemos que nem todo homem vai te mandar uma chuva de rosas, te fazer uma declaração de amor todos os dias e te encher de bichos de pelúcia. Mas muitos deles vão cuidar de você, te dar carinho e fazer você se sentir uma mulher muito amada. Compreendemos que histórias de amor de verdade são regadas não só a beijos, sorriso e eu te amo, também precisam de brigas, discussões e choro.
Não é certo dizer que nos tornamos menos românticas conforme ficamos mais velhas. Acho que apenas nos tornamos mais realistas. Ainda sonhamos com alguém ao nosso lado que nos faça feliz, nos dê atenção e seja nosso companheiro. Ainda queremos uma família, independente de ser com filhos ou sem filhos, hetero ou homossexual. Ainda queremos nos sentir amar e amar muito. Os sonhos apenas mudam de forma.
A Carolina em questão é A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo. Mas bem que poderia ser eu aos 14, 15 anos. Bem que poderia ser muita menina nessa idade. Afinal, qual garota nunca sonhou com um príncipe encantado, com uma história de amor como esta?! E quem nunca quis receber uma chuva de rosas, um coração gravado na árvore, um camafeu com a foto do amado?
Infelizmente, ou felizmente, a gente cresce, amadurece e vê que não passam de ilusões adolescentes, criadas a base de contos de fadas e comédias românticas açucaradas. Mas isso não é necessariamente ruim.
Percebemos que os príncipes encantados em seus cavalos brancos não existem e que, na verdade, se existissem, seriam muito chatos, perfeitinhos demais, e nos sentiríamos sempre muito mal perto deles com todos os nossos problemas e imperfeições. Percebemos que as histórias de amor até existem, mas são muito raras. Ainda bem, pois não precisamos esperar o homem ideal cair no nosso colo em uma viagem para a Índia. Ele é uma pessoa comum e podemos encontrá-los em qualquer lugar: na escola, na rua, na faculdade, no trabalho. Entendemos que nem todo homem vai te mandar uma chuva de rosas, te fazer uma declaração de amor todos os dias e te encher de bichos de pelúcia. Mas muitos deles vão cuidar de você, te dar carinho e fazer você se sentir uma mulher muito amada. Compreendemos que histórias de amor de verdade são regadas não só a beijos, sorriso e eu te amo, também precisam de brigas, discussões e choro.
Não é certo dizer que nos tornamos menos românticas conforme ficamos mais velhas. Acho que apenas nos tornamos mais realistas. Ainda sonhamos com alguém ao nosso lado que nos faça feliz, nos dê atenção e seja nosso companheiro. Ainda queremos uma família, independente de ser com filhos ou sem filhos, hetero ou homossexual. Ainda queremos nos sentir amar e amar muito. Os sonhos apenas mudam de forma.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
#euacheiolivro
Mais novo projeto, desses que nos deixa bem orgulhosos!
Começou como uma brincadeira de uma colega de trabalho. Como resolução de ano novo ela resolveu pegar seus livros já lidos e "esquecer" por aí com um bilhetinho dizendo que ela resolveu compartilhá-los com outras pessoas. De tanta empolgação, ela acabou envolvendo mais pessoas.
Foi aí que eu e mais duas resolvemos entrar nessa juntas. Fizemos um e-mail para quem encontrar o livro se corresponder com a gente, depois foi um blog e agora uma monte de gente está comentando e querendo ajudar a gente a divulgar o projeto ainda mais.
Eu sempre fiz trabalho voluntário desde, sei lá, a sétima série. Por mundo tempo quis mudar o mundo e minha cabeça ficou tão a mil que acabei me vendo sem saber por onde seguir. Mas nunca imaginei que uma coisa tão simples pudesse trazer tanta satisfação para mim e para outras pessoas. Dá uma sensação boa, sabe?
Para quem quiser saber mais, é só acessar o blog Eu Achei o Livro. E se você achar um livro por aí, nos escreva e conte o que achou!
Começou como uma brincadeira de uma colega de trabalho. Como resolução de ano novo ela resolveu pegar seus livros já lidos e "esquecer" por aí com um bilhetinho dizendo que ela resolveu compartilhá-los com outras pessoas. De tanta empolgação, ela acabou envolvendo mais pessoas.
Foi aí que eu e mais duas resolvemos entrar nessa juntas. Fizemos um e-mail para quem encontrar o livro se corresponder com a gente, depois foi um blog e agora uma monte de gente está comentando e querendo ajudar a gente a divulgar o projeto ainda mais.
Eu sempre fiz trabalho voluntário desde, sei lá, a sétima série. Por mundo tempo quis mudar o mundo e minha cabeça ficou tão a mil que acabei me vendo sem saber por onde seguir. Mas nunca imaginei que uma coisa tão simples pudesse trazer tanta satisfação para mim e para outras pessoas. Dá uma sensação boa, sabe?
Para quem quiser saber mais, é só acessar o blog Eu Achei o Livro. E se você achar um livro por aí, nos escreva e conte o que achou!
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
O maior amor
Quando conto, pouca gente acredita. Nos conhecíamos a seis anos e nunca havia acontecido nada entre a gente. Passamos a faculdade inteira entre namoros, rolos feitos e desfeitos, e nada. Ele era o cara mais bonito da turma e vou mentir se disser que não o tinha olhado com outros olhos. Tinha sim, um ano antes quando eu e algumas amigas fomos ao Rio visitá-lo. E ele sabia muito bem disso.
Ele resolveu voltar para Brasília e, por conta de objetivos parecidos, acabamos passando muito tempo juntos. Estudar juntos, ir para a aula, dar carona. Como os amigos eram os mesmos, além de passarmos a semana inteira juntos, nos víamos muito aos finais de semana. De repente, todo mundo começou a comentar e insinuar que isso não podia ser só amizade. Mas fingíamos que não estávamos entendendo.
Um belo dia, eu já não me recordo direito como aconteceu, senti alguma coisa diferente entre nós dois. Um comentário ou outro, uma tensão, um desconforto. Lembro bem de um episódio na biblioteca que vale a pena contar aqui. Eu precisava de um livro de economia e ele foi me ajudar a procurar. A seção do livro ficava no subsolo da Biblioteca, na última estante, encostada da parede. Como se estívessemos dentro de uma comédia romântica, a energia da biblioteca acabou. Continuei minha busca pelo livro com a lanterna do celular. Mas meu um metro e sessenta de altura não me ajudava muito. Pedi ajuda para ver o código de um que estava logo acima da minha cabeça e percebi que ele estava muito sem graça e não queria se aproximar de mim. Peguei o livro assim mesmo e saí, mas aquilo me deixou incomodada.
Como não consigo deixar nada quieto, resolvi perguntar assim que saímos dali. Era o que eu imaginava. Mas nós não queríamos. Ou queríamos, mas não podíamos admitir. Afinal, a amizade era longa, nossos amigos eram os mesmos, imagina a confusão se algo desse errado.
Só que eu não consegui aguentar. Não tem jeito, se algo me inquieta não dou conta de jogar para debaixo do tapete. Encostei ele na parede. Não literalmente, porque não tenho essa coragem, mas quase: chamei ele para ir ao cinema. Bom... também não foi tão diretamente assim, mas soltei uma indireta de que iria sozinha e queria uma companhia. Sabia que ele não iria negar...
Fomos primeiro a uma pizzaria que ele gostava muito, mas a única lembrança que tenho é eu falando igual uma matraca, não parava nem para respirar! E ele, coitado, mal conseguia abrir a boca. Não sei se é minha visão romântica de agora sobre aquela situação, mas lembro muito bem do sorriso lindo dele enquanto eu cuspia qualquer coisa que vinha na minha cabeça. Será que ele percebeu o nervosismo? Fui eu que o intimei para o cinema, só ficava pensando se seria eu também que teria que tomar uma atitude. Já era demais, né? O primeiro passo foi meu, deixa o resto com ele!
O filme que estava passando naquele horário não era nada romântico, Wolverine. Pensei: já era, acabou o clima! Mas quando chegamos ao shopping, percebi que ele estava tão ansioso quanto eu. Nem esperou descermos do carro e me beijou ali mesmo, no meu Paliozinho velho de guerra, ano 96.
E não é que deu certo? Daí pra frente, não nos largamos nunca mais. O pedido de namoro veio em menos de uma semana, de um jeito e em um local totalmente inesperados (seguido de uma resposta linda por parte da minha pessoa: Você está falando sério?!) .
Entre alto e baixos, esse namoro já dura dois anos e meio. Com todos os seus defeitos e qualidades, com todas as nossas diferenças e semelhanças, ele é perfeito para mim, a tampa da minha panela, a azeitona da minha empada. E, juntos, sabemos muito bem brigar, brincar, rir, chorar, correr, abraçar...
Ele se mudou para São Paulo há quase seis meses. Não vou dizer que não sinto falta, a saudade é IMENSA! Mas não dá para ficar triste. Ele não deixa, ou melhor, o amor que sentimos um pelo outro não deixa. A saudade que sentimos não é sinônimo de sofrimento, é sinônimo de uma certeza que se torna cada dia maior: a de que temos muita coisa para vivermos juntos ainda.
É por isso que eu posso dizer com tanta segurança que esse é o maior amor do mundo! S2
Ele resolveu voltar para Brasília e, por conta de objetivos parecidos, acabamos passando muito tempo juntos. Estudar juntos, ir para a aula, dar carona. Como os amigos eram os mesmos, além de passarmos a semana inteira juntos, nos víamos muito aos finais de semana. De repente, todo mundo começou a comentar e insinuar que isso não podia ser só amizade. Mas fingíamos que não estávamos entendendo.
Um belo dia, eu já não me recordo direito como aconteceu, senti alguma coisa diferente entre nós dois. Um comentário ou outro, uma tensão, um desconforto. Lembro bem de um episódio na biblioteca que vale a pena contar aqui. Eu precisava de um livro de economia e ele foi me ajudar a procurar. A seção do livro ficava no subsolo da Biblioteca, na última estante, encostada da parede. Como se estívessemos dentro de uma comédia romântica, a energia da biblioteca acabou. Continuei minha busca pelo livro com a lanterna do celular. Mas meu um metro e sessenta de altura não me ajudava muito. Pedi ajuda para ver o código de um que estava logo acima da minha cabeça e percebi que ele estava muito sem graça e não queria se aproximar de mim. Peguei o livro assim mesmo e saí, mas aquilo me deixou incomodada.
Como não consigo deixar nada quieto, resolvi perguntar assim que saímos dali. Era o que eu imaginava. Mas nós não queríamos. Ou queríamos, mas não podíamos admitir. Afinal, a amizade era longa, nossos amigos eram os mesmos, imagina a confusão se algo desse errado.
Só que eu não consegui aguentar. Não tem jeito, se algo me inquieta não dou conta de jogar para debaixo do tapete. Encostei ele na parede. Não literalmente, porque não tenho essa coragem, mas quase: chamei ele para ir ao cinema. Bom... também não foi tão diretamente assim, mas soltei uma indireta de que iria sozinha e queria uma companhia. Sabia que ele não iria negar...
Fomos primeiro a uma pizzaria que ele gostava muito, mas a única lembrança que tenho é eu falando igual uma matraca, não parava nem para respirar! E ele, coitado, mal conseguia abrir a boca. Não sei se é minha visão romântica de agora sobre aquela situação, mas lembro muito bem do sorriso lindo dele enquanto eu cuspia qualquer coisa que vinha na minha cabeça. Será que ele percebeu o nervosismo? Fui eu que o intimei para o cinema, só ficava pensando se seria eu também que teria que tomar uma atitude. Já era demais, né? O primeiro passo foi meu, deixa o resto com ele!
O filme que estava passando naquele horário não era nada romântico, Wolverine. Pensei: já era, acabou o clima! Mas quando chegamos ao shopping, percebi que ele estava tão ansioso quanto eu. Nem esperou descermos do carro e me beijou ali mesmo, no meu Paliozinho velho de guerra, ano 96.
E não é que deu certo? Daí pra frente, não nos largamos nunca mais. O pedido de namoro veio em menos de uma semana, de um jeito e em um local totalmente inesperados (seguido de uma resposta linda por parte da minha pessoa: Você está falando sério?!) .
Entre alto e baixos, esse namoro já dura dois anos e meio. Com todos os seus defeitos e qualidades, com todas as nossas diferenças e semelhanças, ele é perfeito para mim, a tampa da minha panela, a azeitona da minha empada. E, juntos, sabemos muito bem brigar, brincar, rir, chorar, correr, abraçar...
Ele se mudou para São Paulo há quase seis meses. Não vou dizer que não sinto falta, a saudade é IMENSA! Mas não dá para ficar triste. Ele não deixa, ou melhor, o amor que sentimos um pelo outro não deixa. A saudade que sentimos não é sinônimo de sofrimento, é sinônimo de uma certeza que se torna cada dia maior: a de que temos muita coisa para vivermos juntos ainda.
É por isso que eu posso dizer com tanta segurança que esse é o maior amor do mundo! S2
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Jornal de Jesus
Na saída do trabalho um garoto veio me entregar o Jornal de Jesus.
Recusei. E ainda disse que Jesus deveria dar o exemplo, economizar papel.
Acho que o garoto não gostou.
Recusei. E ainda disse que Jesus deveria dar o exemplo, economizar papel.
Acho que o garoto não gostou.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
A polêmica do BBB
Não vou dizer aqui que detesto o BBB. Assisti os primeiros e se eu sentar hoje para assistir 2 ou 3 episódios, sei que vou querer ver todos os dias. Mas eu evito.
Evito por um motivo muito simples, me incomoda a maneira como uma emissora se presta a ganhar dinheiro em cima de situações degradantes. Evito, assim como evito todos esses programas sensacionalistas estilo Ratinho das outras emissoras.
Fato que o ser humano é curioso, e quando mais inusitada e extraordinária for a história, mais interessante ela se torna. Mas, para mim, a Globo perdeu completamente a noção de até onde poderia ir com essa exploração toda. Começou com situações leves, abraços, beijos, insinuações nas festas regadas a muita bebida alcoolica. Passou por declarações machistas, participantes vomitando de tanto beber, frases polêmicas, participantes completamente descontrolados no programa. Depois começaram os casos de sexo ao vivo, sexo oral na piscina, sexo sem camisinha e a nova, o estupro. Tenho medo do que virá na próxima edição.
O pior é que quanto mais nos indignamos, reclamamos e compartilhamos a notícia, mais atenção atraímos para o programa. E a Globo sabe se aproveitar muito bem da situação. Nega até quando pode negar e depois tira o corpo fora.
Estupro, atentado ao pudor, abuso sexual, nada disso tem graça. Comprovando ou não a suspeita, não consigo ser conivente com esse tipo de coisa. E me assusto um pouco com a curiosidade mórbida que todos nós temos. Também estou louca para saber o desfecho disso tudo, mas agora, mais do que nunca, meu boicote ao BBB será completo.
Evito por um motivo muito simples, me incomoda a maneira como uma emissora se presta a ganhar dinheiro em cima de situações degradantes. Evito, assim como evito todos esses programas sensacionalistas estilo Ratinho das outras emissoras.
Fato que o ser humano é curioso, e quando mais inusitada e extraordinária for a história, mais interessante ela se torna. Mas, para mim, a Globo perdeu completamente a noção de até onde poderia ir com essa exploração toda. Começou com situações leves, abraços, beijos, insinuações nas festas regadas a muita bebida alcoolica. Passou por declarações machistas, participantes vomitando de tanto beber, frases polêmicas, participantes completamente descontrolados no programa. Depois começaram os casos de sexo ao vivo, sexo oral na piscina, sexo sem camisinha e a nova, o estupro. Tenho medo do que virá na próxima edição.
O pior é que quanto mais nos indignamos, reclamamos e compartilhamos a notícia, mais atenção atraímos para o programa. E a Globo sabe se aproveitar muito bem da situação. Nega até quando pode negar e depois tira o corpo fora.
Estupro, atentado ao pudor, abuso sexual, nada disso tem graça. Comprovando ou não a suspeita, não consigo ser conivente com esse tipo de coisa. E me assusto um pouco com a curiosidade mórbida que todos nós temos. Também estou louca para saber o desfecho disso tudo, mas agora, mais do que nunca, meu boicote ao BBB será completo.
sábado, 14 de janeiro de 2012
Aos 90 anos...
Vovô, eu e vovó |
Tinha também o vovô dos finais de semana. O vovô que colocava no colo, contava piada, histórias engraçadas e imitava o Galeão Cumbica, da Escolhinha do Professor Raimundo, com direito a penteado para entrar no personagem. Me levava para o rio e me dava uma daquelas peneiras grandes para procurar ouro entre as pedras, e eu realmente acreditava que iria encontrar.
Ah! Tem ainda o vovô português. Sim, ele nasceu no Brasil, mas tem toda a pinta de europeu. Quando voltou de suas últimas viagens a Portugal era difícil entender o que ele falava, voltou mais português do que Camões. E não foi só isso. Dizem que ele ainda arrasou no francês quando foi contar para o delegado em Paris que havia sido assaltado no Louvre. O detalhe é que ninguém sabia que ele falava francês.
E quem não conhece o vovô vaidoso? Nunca o vi de barba mal feita. O cabelo nunca tem um fio fora do lugar. A roupa está sempre alinhada e elegante. Diz que gosta de se vestir bem para impressionar. E consegue, viu?!
Os anos se passaram e aos 90 anos o vovô ainda não tem nada a ver com os vovôs da ficção. É certo que a barriga cresceu um pouquinho, os cabelos estão mais ralos e umas ruguinhas deram sinal de vida. Mas aos 90 anos, não consigo enxergar o vovô sentado numa cadeira, fazendo tricô. Ele continua elegante como um jovem e não para de trabalhar.
Pensando bem ele é um vovô de contos de fadas sim, mas de um conto de fadas moderno, não cansa de nos surpreender. Não cansou de lutar tanto pelos seus ideais, pela liberdade e pela democracia. Nem de ajudar a escrever a história do Amapá. Não se contentou em ter 6 filhos, 14 netos, plantar várias árvores e escrever um livro. Estão dizendo por aí que ele está escrevendo o segundo livro! E, para desespero da vovó, ele continua inventando o que fazer.
Nós queremos, vô, que você continue nos surpreendendo por mais 90 anos, no mínimo. E continue sendo o avô lindo que você é para nós. Além de um pai, tio, sogro, cunhado e amigo maravilhoso que sabemos que você é para nós.
Eu, Danilo, Luana, Flávio, Laís, Luciana, Giovanna, Amana, Isabella, João, Fabiana, Breno, Inácio e Marina te agradecemos pelo exemplo de vida que o senhor nos dá a cada dia e te desejamos um Feliz Aniversário ao lado de todas as pessoas que te amam.
* Discurso lido por mim e meu primo Danilo na festa de 90 anos do nosso avô Elfredo Félix Távora Gonsalves, ou só vovô Elfredo.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Amizade antiga
Hoje é aniversário de uma amiga muito especial: Carol Martins ou Carol Importada, para os íntimos. E não é só por ser uma grande amiga que dedico esse post a ela, mas também por ser minha amiga mais antiga.
Nossa história é curiosa. Nos conhecemos no mesmo prédio quando éramos picurruchas, com 4, 5 anos (?). Quando a Carol completou 9 foi embora para os EUA. Passou um tempo lá, mudou-se para a África do Sul e, hoje, mora no Rio de Janeiro. Ou seja, em mais de 20 anos de amizade não passamos 5 anos morando na mesma cidade.
O mais incrível disso tudo é que passamos anos sem nos falar e, hoje, com a facilidade das redes sociais, chegamos a ficar meses, mais de um ano sem nos ver ou conversar, mas quando nos encontramos parece que sempre estivemos juntas.
Eu constumava dizer que a Carol era meu alterego. Primeiro porque temos exatamente o mesmo nome, Ana Carolina. A idade é quase a mesma, ela é mais velha que eu 9 meses. E ela também tem uma pinta na testa (mas bem pequenininha)! Mas a Carol é o contrário de mim. A ansiedade é a mesma, é certo. Só que, ao contrário de mim, a Carol é um doce de pessoa, muito meiga e, à primeira vista, bem tímida. Digo à primeira vista porque quando entramos no mundo dela, vemos o quanto ela é engraçada e agitada.
Inteligente, fã do Nelson Mandela e de tudo que tenha relação com a África do Sul, gosto de acreditar que ela começou a incorporar o espírito carioca por causa de mim. Nem sei se foi mesmo, mas me lembro que no primeiro Carnaval que passei com ela no Rio de Janeiro, quando ainda éramos jovens de 23, 24 anos, ela não gostava muito de praia e de Carnaval. Hoje, sabe todos os sambas (apesar de não ter aprendido a sambar ainda), acho que a praia é menos assustadora (apesar de ela ainda ser carregada pelo mar) e conhece todos os melhores blocos de Carnaval do Rio. Não somos mais aquelas jovens animadas e bem humoradas de outrora e ano passado nosso Carnaval foi bem menos agitado do que o de 2007, mesmo assim foi uma delícia!
Bom, esse post era mesmo para dizer que adoro essa amizade e como gosto de saber que tenho uma amiga maravilhosa dessas que, não importa a distância que estivermos uma da outra, nem o tempo que ficamos sem nos ver, somo amigas de infância e, com certeza, para toda a vida.
Feliz Aniversário, Carol!
Nossa história é curiosa. Nos conhecemos no mesmo prédio quando éramos picurruchas, com 4, 5 anos (?). Quando a Carol completou 9 foi embora para os EUA. Passou um tempo lá, mudou-se para a África do Sul e, hoje, mora no Rio de Janeiro. Ou seja, em mais de 20 anos de amizade não passamos 5 anos morando na mesma cidade.
Carol e Carol: Carnaval 2011 |
Eu constumava dizer que a Carol era meu alterego. Primeiro porque temos exatamente o mesmo nome, Ana Carolina. A idade é quase a mesma, ela é mais velha que eu 9 meses. E ela também tem uma pinta na testa (mas bem pequenininha)! Mas a Carol é o contrário de mim. A ansiedade é a mesma, é certo. Só que, ao contrário de mim, a Carol é um doce de pessoa, muito meiga e, à primeira vista, bem tímida. Digo à primeira vista porque quando entramos no mundo dela, vemos o quanto ela é engraçada e agitada.
Inteligente, fã do Nelson Mandela e de tudo que tenha relação com a África do Sul, gosto de acreditar que ela começou a incorporar o espírito carioca por causa de mim. Nem sei se foi mesmo, mas me lembro que no primeiro Carnaval que passei com ela no Rio de Janeiro, quando ainda éramos jovens de 23, 24 anos, ela não gostava muito de praia e de Carnaval. Hoje, sabe todos os sambas (apesar de não ter aprendido a sambar ainda), acho que a praia é menos assustadora (apesar de ela ainda ser carregada pelo mar) e conhece todos os melhores blocos de Carnaval do Rio. Não somos mais aquelas jovens animadas e bem humoradas de outrora e ano passado nosso Carnaval foi bem menos agitado do que o de 2007, mesmo assim foi uma delícia!
Bom, esse post era mesmo para dizer que adoro essa amizade e como gosto de saber que tenho uma amiga maravilhosa dessas que, não importa a distância que estivermos uma da outra, nem o tempo que ficamos sem nos ver, somo amigas de infância e, com certeza, para toda a vida.
Feliz Aniversário, Carol!
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Contemporâneo
Poema em linha reta
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Rotulando
E aí, vocês estão namorando?!, perguntei outro dia para uma amiga. Ahhhh, estamos juntos, mas para que rotular, né? Eu não fico com ninguém, ele também não, mas não gosto de rótulos. Eu, confusa, pensei: peraí, se eles só ficam um com o outro, se gostam muito, se veem sempre, porque tanto medo de chamar isso de namoro?!
A conveninência também é um fator que pesa em toda essa situação: já que não estamos namorando, se eu pisar na bola ou der um escorregão ali, ninguém vai poder dizer que eu errei, magoei, trai. Se eu brigar, discutir e "acabar", vou poder dizer para mim mesmo: ah, a gente nem estava namorando.
Mas até onde será que isso é verdade? Porque uma coisa é o que a gente mostra e diz para os outros, outra coisa é o que sentimos. Será que sofreríamos menos mesmo? Será que a pessoa se magoaria menos? Será que tudo isso ameniza as decepções e tristezas e intensifica os momentos bons? Sinceramente, acho que não. Para mim isso é apenas uma forma de enganar a nós mesmos.
De agora em diante, quando eu escutar alguém dizer por que rotular?, eu vou responder e por que não?. Quem foi que disse que rótulos são necessariamente ruins? Afinal, os melhores perfumes e as melhores bebidas ainda são rotuladas. A questão vai muito além do rótulo. O que importa mesmo é ser sincero com os próprios sentimentos, é ter coragem de assumir as alegrias e as tristezas, a saudade, as decepções e tudo o que vier no pacote.
Isso martelou na minha cabeça por alguns dias. Às vezes acho que as pessoas têm ou tem muito medo de assumir certas situações na vida ou ficam querendo parecer descoladas e desapegadas demais (ou as duas coisas). Não vou dizer que acho que todo mundo que tenta se livrar dos rótulos seja uma pessoa insegura e carente e, muito menos, que tudo o que estou dizendo aqui se aplica a qualquer situação, nem sei se aplica a situação dessa amiga, na verdade. Mas o que eu percebo muitas vezes é que as pessoas tentam se livrar dos rótulos não por desapego, e sim por medo. Por medo de sofrer, de fazer sofrer e, o pior, de assumir esse sofrimento. Por medo de ter que dar satisfação para os outros, ter que adotar determinado tipo de comportamento, ter que se privar de algumas coisas.
A conveninência também é um fator que pesa em toda essa situação: já que não estamos namorando, se eu pisar na bola ou der um escorregão ali, ninguém vai poder dizer que eu errei, magoei, trai. Se eu brigar, discutir e "acabar", vou poder dizer para mim mesmo: ah, a gente nem estava namorando.
Mas até onde será que isso é verdade? Porque uma coisa é o que a gente mostra e diz para os outros, outra coisa é o que sentimos. Será que sofreríamos menos mesmo? Será que a pessoa se magoaria menos? Será que tudo isso ameniza as decepções e tristezas e intensifica os momentos bons? Sinceramente, acho que não. Para mim isso é apenas uma forma de enganar a nós mesmos.
De agora em diante, quando eu escutar alguém dizer por que rotular?, eu vou responder e por que não?. Quem foi que disse que rótulos são necessariamente ruins? Afinal, os melhores perfumes e as melhores bebidas ainda são rotuladas. A questão vai muito além do rótulo. O que importa mesmo é ser sincero com os próprios sentimentos, é ter coragem de assumir as alegrias e as tristezas, a saudade, as decepções e tudo o que vier no pacote.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Curtinhas
"Tal vez estamos en el mundo para buscar el amor, encontrarlo y
perderlo, una y otra vez. Con cada amor volvemos a nacer y con cada amor
que termina se nos abre una herida. Estoy llena de orgullosas
cicatrizes."
(Paula, de Isabel Allende)
(Paula, de Isabel Allende)
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feridas,
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isabel allende,
sofrimento
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Primeiro
Se esse blog tivesse sobrenome, ele certamente viria seguido de Terceiro ou Quarto. Sim, porque esse já deve ser lá para o terceiro ou quarto blog que eu resolvo fazer. Mas vamos lá, 2012 está aí e pode ser que não passemos de dezembro, então vou tentar mantê-lo pelo menos até o tão temido fim do mundo.
O nome do blog é outra coisa sobre a qual devo comentar. Tentei resgatar o meu antigo blog, que achei que estivesse só desativado, mas descobri que o apaguei (provavelmente em uma das inúmeras faxinas que resolvo fazer de uma hora para outra na minha vida). Apaguei, não consegui recuperar e, pior, descobri um outro com o mesmo nome no Wordpress.
Foi aí que começou meu sofrimento para poder escolher um outro nome de blog. Passei o dia pensando, fazendo combinações, escrevendo nomes e, no fim, saiu Sobre Sambas e Saudade. Não que eu tenha ficado satisfeita, claro que não. Afinal, como uma boa virginiana, nunca iria chegar a um nome que eu ficasse plenamente satisfeita.Mas, por fim, acho que o este nome fala muito de mim. Afinal, minha vida tem sido marcada por sambas e saudade desde que eu me entendo por gente.
Não pretendo escrever um blog para milhares de leitores (e acho que nem consigo ser interessante assim). Escrever, para mim, é muito mais um exercício de botar para fora tudo o que eu penso e sinto, sem nenhuma pretensão de ser engraçada, polêmica, literata ou popular. Mas para quem se interessar, por aqui vocês encontrarão um pouquinho de tudo o que eu gosto: música, livros, viagens, sentimentos, política, opiniões e bastante bobagem, porque ninguém vive só de assuntos sérios.
Bom, vamos lá então, cruzando os dedos para eu não desistir mais uma vez!
O nome do blog é outra coisa sobre a qual devo comentar. Tentei resgatar o meu antigo blog, que achei que estivesse só desativado, mas descobri que o apaguei (provavelmente em uma das inúmeras faxinas que resolvo fazer de uma hora para outra na minha vida). Apaguei, não consegui recuperar e, pior, descobri um outro com o mesmo nome no Wordpress.
Foi aí que começou meu sofrimento para poder escolher um outro nome de blog. Passei o dia pensando, fazendo combinações, escrevendo nomes e, no fim, saiu Sobre Sambas e Saudade. Não que eu tenha ficado satisfeita, claro que não. Afinal, como uma boa virginiana, nunca iria chegar a um nome que eu ficasse plenamente satisfeita.Mas, por fim, acho que o este nome fala muito de mim. Afinal, minha vida tem sido marcada por sambas e saudade desde que eu me entendo por gente.
Não pretendo escrever um blog para milhares de leitores (e acho que nem consigo ser interessante assim). Escrever, para mim, é muito mais um exercício de botar para fora tudo o que eu penso e sinto, sem nenhuma pretensão de ser engraçada, polêmica, literata ou popular. Mas para quem se interessar, por aqui vocês encontrarão um pouquinho de tudo o que eu gosto: música, livros, viagens, sentimentos, política, opiniões e bastante bobagem, porque ninguém vive só de assuntos sérios.
Bom, vamos lá então, cruzando os dedos para eu não desistir mais uma vez!
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