Todos os dias ele passava debaixo daquela janela, para lá e para cá. Escutava a mesma música, olhava para cima e a via flutuando pela sombra da cortina. Ficava ali por 5 minutos, 10 minutos, meia hora. Pegava uma pedra no chão, ensaiava jogá-la, mas a colocava no bolso. Repetia esse ritual há dois meses e cada pedra que guardava era um tantinho a mais de coragem que encontrava.
Todos os dias ela ligava o som na mesma música, colocava sua saia velha de ensaio e dançava pelo quarto. Tentava enxergar através da cortina, sem precisar chegar à janela. Dançava por 5 minutos, 10 minutos, meia hora. Chegava perto, bem perto da janela, mas voltava para trás. Repetia esse ritual há dois meses, desde que o havia visto pelo reflexo do espelho do quarto. E a cada passo que dava para trás se entregava mais ao seu medo.
Todos os dias, enquanto voltava para casa, ele pensava: Ela vai ser minha. Enquanto isso, ela sentava no chão e chorava: Ele nunca será meu.
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