quarta-feira, 20 de março de 2013
Fragmentos
Mais uma manhã que a cabeça acorda a mil, explodindo. Noite agitada. Sonhos, pesadelos, lavação de roupa suja. Freud explica. Enquanto ele não explica, vamos ao remédio. Não sei o que é pior, essa dor latejante, ou esse remédio que me deixa sem rumo. Não é o remédio que me deixa sem rumo, são os pensamentos. Pensamentos na vida, no futuro, no passado, lembranças dos sonhos, do pesadelo, da lavação de roupa suja. Que será isso, seu Freud? Desejo de resolver a vida enquanto durmo? Ai, essa dor. Fica difícil até manter a cabeça erguida. Enxaqueca é pior que TPM. Imagina quando as duas aparecem juntas. Dá vontade de deitar, mas tenho que trabalhar. Dá vontade de pedir um colo, um cafuné. Dá saudade de ter alguém em quem me aninhar. Saudade. Saudade de um monte de coisas. Saudade dos meus planos desfeitos. Saudade de ter menos coisas para me preocupar. Saudade de quem vi a dois dias e me fez rir bastante. Adoro quem me faz rir assim, de graça. Deu até vontade de mandar mensagem, melhor não. Tenho que trabalhar. Tenho que resolver um monte de coisas. Marcar salão. Mas a dor ainda está aqui, não me deixa. Dói para me lembrar da noite, dos sonhos, do pesadelo, daquela discussão toda. Desejo reprimido. Vontade de gritar tudo o que ficou engasgado, tudo o que eu queria falar e não falei. Mas sem conversa. Foram anos de conversa, queria falar no grito mesmo, para descarregar todo esse sentimento. Queria chorar. Não consigo, impressionante isso. Aí eu lembro da promessa de deixar a raiva para lá, de viver a vida. Lembro que decidi expulsar os sentimentos ruins e atrair os melhores. Larga a raiva, a mágoa, deixa vir o perdão, a compreensão. Perdão, quem sabe um dia, né? Duvido. E olha que eu perdoo fácil, viu? Ai! Tá bom, não penso mais nisso. Melhor pensar em coisas boas. No fim de semana, amigos, risadas. No café de domingo. Não tomo café, mas gosto de cafés. Companhia agradável. Gosto bastante. Ih, ó, a dor tá indo embora. Foi só pensar em coisa boa. Vou trabalhar.
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