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Parecia impossível encontrar o que a definia em pouco mais de uma hora. Vasculhou gavetas, livros, fotos, músicas, videos. Pesquisou lembranças, sentimentos, sensações. Olhou conversas com amigos, textos no blog, cartas, mas nada parecia ser ela ao mesmo tempo que tudo parecia ser um pouco ela.
Falavam-lhe constantemente de seu sorriso cativante e sua alegria de viver. Da sua força, da sua empatia. Falavam dos seus textos, da sua dedicação às pessoas que gostava e da sua vontade de mudar o mundo. Falavam da pinta no meio da testa, da empolgação com o carnaval, do senso de humor. Falavam de um certo magnetismo, da facilidade de envolver pessoas, do brilho nos olhos quanto fazia algo para ajudar alguém. Mas isso não podia ser ela.
Quem sabe ela não fosse esse apartamento pequeno, mas aconchegante. Os ímãs na geladeira mostrando por onde ela pisou, ou os bilhetes de quem se hospedava por ali. Talvez ela fosse suas músicas preferidas, seus filmes, seus seriados, seu quadros. Talvez ela fosse aquela estante de livros. Aquela, ali no canto, dedicada a uma só autora: mulher, feminista, militante, escritora, que misturava suas histórias com suas fantasias, seus amores com sua luta. E dizia:
'Talvez a gente esteja no mundo para procurar o amor, encontrá-lo e perdê-lo, muitas e muitas vezes. Nascemos de novo a cada amor e, a cada amor que termina, abre-se uma ferida. Estou cheia de orgulhosas cicatrizes.'
Pronto! Era isso que a definia: suas marcas, suas cicatrizes, a capacidade de sentir o mundo que havia fora e dentro dela.
Se sorria, se amava o carnaval, se envolvia as pessoas, se gostava de fazer piadinhas, era simplesmente porque cada sorriso e abraço que colhia ficava marcado dentro dela. Se queria mudar o mundo, ajudar, encontrar meios de fazer desse planeta um lugar mais leve, mais em paz, é porque cada respiração aliviada e cada olhar de gratidão que percebia tornava-se uma dessas orgulhosas cicatrizes
Não era a toa, portanto, que marcava na pele suas dores e seus amores. Preferia assim, fazer deles cicatrizes perpétuas para que, todos os dias, lembrasse do quanto era forte e quanta coisa havia vivido. Expulsava suas saudades e deixava-as expostas para que o tempo fizesse delas o que bem entendesse. Para que a vida desse a elas um destino melhor do que a prisão do seu coração.
E em tudo o que fazia, o que colhia e o que acreditava estavam as marcas do que viveu, as impressões de quem passou pela sua vida e todos os amores que sentiu. Por tudo isso, acreditava, sim, nessa grande utopia chamada felicidade.
Falavam-lhe constantemente de seu sorriso cativante e sua alegria de viver. Da sua força, da sua empatia. Falavam dos seus textos, da sua dedicação às pessoas que gostava e da sua vontade de mudar o mundo. Falavam da pinta no meio da testa, da empolgação com o carnaval, do senso de humor. Falavam de um certo magnetismo, da facilidade de envolver pessoas, do brilho nos olhos quanto fazia algo para ajudar alguém. Mas isso não podia ser ela.
Quem sabe ela não fosse esse apartamento pequeno, mas aconchegante. Os ímãs na geladeira mostrando por onde ela pisou, ou os bilhetes de quem se hospedava por ali. Talvez ela fosse suas músicas preferidas, seus filmes, seus seriados, seu quadros. Talvez ela fosse aquela estante de livros. Aquela, ali no canto, dedicada a uma só autora: mulher, feminista, militante, escritora, que misturava suas histórias com suas fantasias, seus amores com sua luta. E dizia:
'Talvez a gente esteja no mundo para procurar o amor, encontrá-lo e perdê-lo, muitas e muitas vezes. Nascemos de novo a cada amor e, a cada amor que termina, abre-se uma ferida. Estou cheia de orgulhosas cicatrizes.'
Pronto! Era isso que a definia: suas marcas, suas cicatrizes, a capacidade de sentir o mundo que havia fora e dentro dela.
Se sorria, se amava o carnaval, se envolvia as pessoas, se gostava de fazer piadinhas, era simplesmente porque cada sorriso e abraço que colhia ficava marcado dentro dela. Se queria mudar o mundo, ajudar, encontrar meios de fazer desse planeta um lugar mais leve, mais em paz, é porque cada respiração aliviada e cada olhar de gratidão que percebia tornava-se uma dessas orgulhosas cicatrizes
Não era a toa, portanto, que marcava na pele suas dores e seus amores. Preferia assim, fazer deles cicatrizes perpétuas para que, todos os dias, lembrasse do quanto era forte e quanta coisa havia vivido. Expulsava suas saudades e deixava-as expostas para que o tempo fizesse delas o que bem entendesse. Para que a vida desse a elas um destino melhor do que a prisão do seu coração.
E em tudo o que fazia, o que colhia e o que acreditava estavam as marcas do que viveu, as impressões de quem passou pela sua vida e todos os amores que sentiu. Por tudo isso, acreditava, sim, nessa grande utopia chamada felicidade.