Saudade, essa palavra que costura os meus dias e está em qualquer direção que eu olhe. E, por mais que ela insista em permanecer, continua sendo difícil de lidar.
É dolorosa em todos os casos. Deixa o vazio, a ausência, a falta. Deixa as lembranças que, por mais bonitas que sejam, jamais serão repetidas. Deixa a dor, a incompreensão, a vontade de ter feito tudo diferente um dia. Deixa a culpa também, a culpa por não ter reparado nos sinais antes, por não ter notado os pedidos de ajuda, por não ter feito o sofrimento diminuir. Mas ela também deixa um gosto doce de poder guardar as recordações intocadas e imutáveis dentro da gente.
A saudade é, no fundo, um grande exercício de perdão. De auto perdão. De perceber que, por mais dolorosa que seja uma ausência, ela não acontece por um acaso. De entender que não conseguimos mudar o destino. De saber que tudo poderia ser diferente, mas não será porque não prevemos o futuro.
Cecília Meireles dizia que "o verdadeiro amor é, paradoxalmente, uma saudade constante, sem egoísmo nenhum". Eu diria que a vida é essa saudade constante que, muitas vezes, confundimos com mágoa, raiva e traumas. Com o tempo a gente percebe que esses sentimentos desconexos são tão pequenos diante da perda e acabam bloqueando as boas lembranças.
Separar-se de de algo que amamos é perder um pedaço da gente, mas pode ser a conquista de um novo terreno. O da leveza, da compaixão, da bondade, do amor.
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