Aquela devia ser a segunda vez que se encontravam. Ele chegou com uma intimidade que não existia, tocando no seu ponto fraco: a tatuagem nova. Ela poderia ter balançado, mas sabia que aquele acesso era proibido. Como se não bastasse, aqueles copos que secavam feito água no deserto tinham que ter algum efeito. E teve. O abraço apertado e a declaração fora de hora a fizeram ligar os pontos dos últimos meses.
Não precisou de muito esforço, horas depois ele despejava em cima dela tudo o que já estava desconfiada. E, apesar de assustada, sentiu uma felicidade proibida lá no fundo. Sabia que nada aconteceria entre os dois e não era só por conta da aliança. Se já era fechada às oportunidades, quem diria às histórias que já começavam tortas.
Mas precisou admitir: nosso ego é mesmo egoísta. Saber que alguém era capaz de sentir tudo aquilo por ela sem, ao menos, conhecê-la direito, a fazia bem. Saber que ela ainda era apaixonável para alguém nesse mundo, era reconfortante. Uma felicidade proibida, mas autêntica.
Falou qualquer coisa para cortar assunto, com um sorriso escondido. Era sexta-feira. Ajeitou o batom vermelho no espelho do carro e foi sorrir para o mundo.
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