Não adianta, sou totalmente incapaz de fingir. Não sei fingir ser
quem não sou, não sei fingir sentimentos. Não sei fingir quando eu
gosto, ou quando eu não gosto. Não consigo, não consigo fazer esforço
para agradar as pessoas, para ser paciente com quem eu não tenho
paciência, para ser simpática só para gostarem de mim.
Coisa
de brasiliense, alguém com certeza vai falar. Já concordei que sim,
parte dessa marra toda está na cultura da cidade, onde as pessoas não se
cruzam, não se cumprimentam e adquirem aquele ar blasé que assusta os
forasteiros. Mas grande parte da culpa vem da minha total incapacidade
de fingir ser diferente do que eu realmente sou.
Sou
tosca, falo palavrão, perco a paciência na terceira vez que me perguntam
algo, fecho a cara quando me irrito, banco a drama queen quando estou
triste, procuro desesperadamente um colo quando estou carente, tenho um
monte de manias, monto roteiro de viagem, amo acordar cedo e aproveitar o
dia, não tenho paciência com gente metida ou que não sabe conversar ou
que não vai direto ao ponto, não sorrio pra quem faz piada de mau gosto,
não sou simpática com quem já chega tirando onda. E não, eu não quero
mudar nada disso.
Gosto de abraço forte, digo que amo
quando eu amo, tenho crises de riso incontroláveis, dou presentes e faço
surpresas, prefiro escrever do que falar, cuido, cuido muito, escrevo o
que eu sinto para entender melhor meu coração, gosto do meu cabelo
curto, leio poesia, mas sou incapaz de escrever uma, solto indiretas com
músicas, sou a pessoa mais feliz do mundo quando saio para dançar,
discuto assuntos polêmicos e não levo para o lado pessoal, escuto mil vezes a mesma música, AMO carnaval, trato amigos como irmãos, sonho muito, planejo tudo, detono uma panela de brigadeiro em uma sentada. E não, também não quero mudar nada disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário