quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Difícil, difícil mesmo é desapegar das ideias



Mais cedo ou mais tarde percebemos que o que nos faz sofrer não é o amor perdido, é a necessidade de desapegar de uma ideia que construímos. A ideia de um relacionamento, a ideia de uma pessoa. 

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A partir do momento em que tudo acaba, você não é mais quem estava naquela relação, a pessoa não é mais quem estava com você e a relação não é mais a relação que era. Tudo mudou naquela hora em que cada um resolveu seguir o seu caminho. O passado será de vocês para sempre, o futuro talvez nunca mais seja. Como disse Quintana, “só o que está perdido é nosso para sempre”.

Não precisa achar que não valeu a pena, pensar que perdeu tempo ou que todo o investimento foi em vão. Não foi. Você mudou, mudou muito durante todo aquele tempo, provavelmente para melhor. Amadureceu, aprendeu, cresceu. Experimentou coisas maravilhosas, sentimentos que não conhecia, lugares, momentos, pessoas. Amou e foi amada, percebeu até onde você consegue ir com alguém, até onde seu coração te permite embarcar em uma relação. Nada, nada disso foi perdido, nada disso foi em vão.

O que acaba pesando no coração e na alma é a quebra de expectativa. O abandono de tudo aquilo que, na nossa cabeça, já estava certo. Difícil, difícil mesmo é desapegar de tudo o que construímos e sonhamos. É aceitar que tudo aquilo que você viveu não existe mais e nunca mais voltará. Mesmo que algum dia o destino, a vida ou uma incrível coincidência junte vocês de novo, nunca será uma volta, mas um recomeço, com tudo novo, do zero.

E todo esse desapego exige um luto. Exige aceitarmos que um dia você estará muito bem, no outro o coração estará tão pesado que mal conseguirá se levantar da cama. Uma hora você vai achar que está curada, mas minutos depois uma música, uma foto, uma lembrança fará com que as lágrimas voltem. A vida é assim. Dizem que se leva seis meses para curar um coração machucado. Então viver, e não apenas sobreviver nesses seis meses, é o melhor que fazemos, para não passarmos a vida fugindo de um fantasma.

A gente só não pode mesmo é desistir. Aceite que tudo o que você sentiu e viveu, está dentro de você e não da outra pessoa. Todo aquele amor era seu, toda aquela disposição em investir e lutar, era sua. Mais cedo ou mais tarde aquilo aparecerá de novo, com alguém melhor, que esteja disposto a investir tanto quanto você, a entrar no mesmo barco, a compartilhar sonhos e expectativas.  

Enquanto isso, a vida está aí te apresentando um monte de possibilidades. Aproveite o momento: sinta muita raiva; chore; desabafe; fale tudo o que está engasgado; mande SMS quando beber; chegue no fundo do poço; reerga-se; reconstrua-se; beije bastante na boca; surpreenda-se; seja egoísta e pense só em você; toque sua vida do jeito que você quer, sem precisar pesar a expectativa de mais ninguém com relação a isso; avalie suas escolhas e prioridades; teste-se; arrisque-se; provoque-se. Não há mal nenhum em fazer tudo isso. Na pior das hipóteses você terá muita história para contar e um coração curadinho para viver novos amores.


4 comentários:

  1. Que gostoso ler toda esta elaboração bem escrita de um coração que vai se curando nos encontros da vida - com os outros e, neste processo, consigo mesma. :)

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  2. Lindo, lindo, lindo!!!!!!!!!!!! Como a Nanna disse, que bela elaboração, Carol! :) Mesmo. Você, aliás, é que é linda.

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