Passarinho, os dias andam bem. Leves, brilhantes, sabe? Tanta coisa mudou que nem sei se você me reconheceria. Às vezes, ainda acho que você só foi pra uma viagem longa e, mais dia, menos dia, volta para eu te abraçar e te atualizar das novidades dos últimos anos. Ou eu crio asas e voo na sua direção. Quem sabe te encontro em alguma estação de trem ou em um café em Paris.
Você queria tanto voar por aí, lembra? Pássaro preso é sombra, você era sol. Mas a vida demorava a se acertar pra você poder ganhar o mundo. Ou era sua paciência que, de tão pouca, te levou a voar para tão longe sem se despedir. Tudo bem, você nunca foi de adeus. Sempre foi de presença, de abraço, de cuidado. De alegria, principalmente. Tanto que bastava um sinal de tristeza para arrancar gargalhadas de mim.
Como eu disse, os dias andam bons. E é nessas horas que me dá essa vontade enorme de te escrever. Nunca sei para onde enviar minhas palavras, mas preciso escrever pra te contar quantas melodias me pegam de surpresa e te deixam aqui, tão perto. A música sempre teve esse poder de me fazer reviver e sentir as melhores e as piores partes da minha vida. Às vezes, ela é tão poderosa que te aproxima até eu quase te tocar.
Lembra quando passamos uma hora discutindo se essa música deveria ou não tocar? Tocou. E todas as vezes que ela toca é impossível não lembrar de nós dois em cima daquele palco. Eu me sentia tão livre com você por perto.... Passarinho, you've got the best of me. Você trazia a leveza que eu não tinha para lidar com a dureza da vida.
Ahhhh, se soubesse quanta coisa mudou por aqui desde que você se foi. Por dentro e por fora. Ainda me pego procurando seu nome na lista de telefones para contar as novidades. De uma coisa tenho certeza, você seria colo, afeto e acolhimento. Isso sempre bastou para que nosso carinho fosse ninho. E esse ninho criou raiz na saudade doce que carrego comigo todos os dias da minha vida.
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