Mas continuo tropeçando. Tropeço nas mesmas expectativas, nós mesmos medos, nas mesmas angústias. Tropeço na insegurança, na impaciência. Tropeço até no ego. Tropeço nas feridas que, vira e mexe, abrem-se novamente. Tropeço no meu orgulho e nas minhas decepções.
Percorri grande parte do caminho acompanhada. Às vezes percebo que me escorei para conseguir caminhar. Confesso, foi doloroso aprender a andar só. É sempre difícil estar só. Escutar o eco de nossa própria voz, de nossos próprios pensamentos. Percorrer labirintos que ignoramos por tanto tempo, acessar o poço mais profundo dos nossos sentimentos. Só.
No entanto, o ser humano se acostuma com tudo, inclusive com a solidão. Aprende a fazer dela uma companheira de viagem, uma parceira. Aprende a tirar dela os melhores conselhos e as piores tentações. Aprende a conviver em paz e a sentir falta dela. Até perceber que a solidão também vicia.
Estou parada aqui, olhando para os lados. Nem sinal de vida. Não me lembro mais como é caminhar de mãos dadas, descansar abraçada, conversar pelo caminho. A minha estrada é deserta. Vez ou outra esbarro em algum andarilho, todos muito ocupados com suas andanças para me dar atenção. De repente, alguém ensaia mudar de rumo, me acompanhar. Ou sou eu que quero acreditar nisso quando, na verdade, o que querem mesmo é uma breve companhia para aliviar a solidão. No fim, eu continuo caminhando só.
Se eu sofro? Não sei dizer. A solidão virou mais que uma companheira, virou um lema. Cada adeus que precsio dar aperta no peito, mas passa logo. Só as lembranças ficam. Dor mesmo, nem sei mais se sou capaz de sentir. Amor tão pouco. Tudo me parece um pouco igual: sem cor, sem esperança, sem gosto.
Tenho, pelo menos, meu caminho a seguir. Não sei onde vou chegar e se um dia vou chegar. Mas enquanto eu tiver estrada para caminhar, prefiro fazer de cabeça erguida. Mesmo que minhas mãos só alcancem minha solidão.
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