segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Que venha 2015!

Foi um ano de sensações, sem dúvida. Dúvidas, separações, inseguranças. Autoconhecimento. Fechamento para balanço. Paixões, experiências, sorrisos. Sorrisos. Sorrisos.

Foi um ano de grandes momentos e pequenas viagens. Copa, eleições. Rio, São Paulo, BH, Belém, Macapá. Nenhum grande evento, mas eventos memoráveis.

Um ano de pessoas, indo e vindo. De encontros, desencontros e reencontros. De surpresas, algumas boas, outras nem tanto. De cultivo, cuidado. Um ano de olhar pra dentro, pra onde nunca que se quer olhar e ver o que não se quer ver. De avaliar e reavaliar. De se arrepender e se arriscar. Um ano de descobertas.

Descobri que é possível perdoar até o imperdoável. Se apaixonar pelo oposto. Ter paz no conflito. Amar o detestável. Compreender o incompreensível. E, de novo, perdoar de coração, sem querer nada em troca.

Não corri, mas dancei. Não fiquei mais paciente, mas fiz novos e bons amigos. Senti um monte de saudade e abri meu coração. Li pouco, escrevi muito. Ri menos do que queria, tomei menos sol do que gostaria mas, olha só, já consigo me equilibrar no skate!

Chego ao fim de 2014 de alma lavada, faxina feita dentro do coração, pulmão cheio de ares renovados, membros livres, músculos tonificados de esperança, ossos leves de paz.
2015, te espero de braços e peito aberto.

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Estamos todas mortas

Sabia que todas as vezes que você diz que lugar de mulher é na cozinha, você me mata por dentro?
Quando você assobia na rua, me chama de gostosa e de princesa, você me mata por dentro.

Nas vezes que você grita comigo em casa, levanta a mão, ameaça me empurrar, você me mata por dentro.

Quando você me exibe feito um troféu para seus amigos, mas me humilha dentro de casa, você me mata por dentro.

Aquelas vezes que você insinuou que meus amigos são meus amantes e que eu já passei na mão de toda a cidade, você me matou por dentro.

Quando você aplaude quem diz que mulher precisa se vestir corretamente, não pode falar palavrão, deve sentar de pernas fechadas, você me mata por dentro.

Todas as vezes que você diz para os amigos que não gosta de mulher rodada e que mulher tem que se dar ao respeito, você me mata por dentro.

As suas risadas quando o médico disse que você deveria comprar uma arma para cuidar da filha que vai nascer, ou quando seu sogro falou que mulher se cria na rédea curta, me mataram por dentro.

Aquelas suas insinuações de que mulheres são inimigas entre si, são rivais, me mataram por dentro.

Seu sarcasmo diante de uma mulher com mais poder e dinheiro do que você me matam por dentro.

O dia que você saiu de casa porque eu disse que o corpo é meu e faço dele o que eu quiser, me matou por dentro.

A sua postagem no Facebook dizendo que mulher que não se comporta merece ser estuprada também me matou por dentro.

Quando você me chama de feminazi e mal amada, me mata por dentro.

Aquele dia que você disse que sou exigente por estar solteira e egoísta por não querer ter filhos, você me matou por dentro.

Por sua causa, estou morta por dentro. Sua mãe, suas irmãs, suas tias e suas amigas também.

Algumas estão fisicamente mortas porque você não percebe que suas atitudes, suas piadas, seu comportamento alimentam uma cultura opressora e assassina.

O amor é injusto



A verdade, meu amigo, é que todo mundo sofre por amor.

A executiva elegante e poderosa, que todos os dias mata sete leões na corporação e sai ilesa, corre para o banheiro vez ou outra para chorar pelo amor perdido.O professor universitário, tão inteligente e seguro, encharca as provas não corrigidas por conta de um amor não vivido. A feminista convicta que diz aos quatro ventos que não quer casar, sofre por ver sua família imaginária destruída por uma desilusão. E até o solteirão que foge de qualquer relacionamento cai de amores pela única mulher na terra que não dá a mínima para os seus encantos.

O amor é ardiloso, meu amigo, e muito injusto. Poucos saem ilesos as suas artimanhas.

domingo, 14 de dezembro de 2014

desejos


Se eu pudesse escolher
Pediria que você
Chegasse
Quisesse
Virasse
Brincasse
Me desse
Sorrisse
Chorasse
Beijasse
Trouxesse
Ficasse
Me amasse.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Minha estrada




Não sei bem quanto tempo andei até chegar aqui. Foram caminhos difíceis, incertos, tortuosos. Por vezes me perdi. Não sabia qual direção tomar, escolhi a errada. Quando percebi era tarde demais. Tive que dar muitos passos para trás até acertar a estrada.

Mas continuo tropeçando. Tropeço nas mesmas expectativas, nós mesmos medos, nas mesmas angústias. Tropeço na insegurança, na impaciência. Tropeço até no ego. Tropeço nas feridas que, vira e mexe, abrem-se novamente. Tropeço no meu orgulho e nas minhas decepções.

Percorri grande parte do caminho acompanhada. Às vezes percebo que me escorei para conseguir caminhar. Confesso, foi doloroso aprender a andar só. É sempre difícil estar só. Escutar o eco de nossa própria voz, de nossos próprios pensamentos. Percorrer labirintos que ignoramos por tanto tempo, acessar o poço mais profundo dos nossos sentimentos. Só.

No entanto, o ser humano se acostuma com tudo, inclusive com a solidão. Aprende a fazer dela uma companheira de viagem, uma parceira. Aprende a tirar dela os melhores conselhos e as piores tentações. Aprende a conviver em paz e a sentir falta dela. Até perceber que a solidão também vicia.

Estou parada aqui, olhando para os lados. Nem sinal de vida. Não me lembro mais como é caminhar de mãos dadas, descansar abraçada, conversar pelo caminho. A minha estrada é deserta. Vez ou outra esbarro em algum andarilho, todos muito ocupados com suas andanças para me dar atenção. De repente, alguém ensaia mudar de rumo, me acompanhar. Ou sou eu que quero acreditar nisso quando, na verdade, o que querem mesmo é uma breve companhia para aliviar a solidão. No fim, eu continuo caminhando só.

Se eu sofro? Não sei dizer. A solidão virou mais que uma companheira, virou um lema. Cada adeus que precsio dar aperta no peito, mas passa logo. Só as lembranças ficam. Dor mesmo, nem sei mais se sou capaz de sentir. Amor tão pouco. Tudo me parece um pouco igual: sem cor, sem esperança, sem gosto.

Tenho, pelo menos, meu caminho a seguir. Não sei onde vou chegar e se um dia vou chegar. Mas enquanto eu tiver estrada para caminhar, prefiro fazer de cabeça erguida. Mesmo que minhas mãos só alcancem minha solidão.