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Todo fim é uma morte, exige um luto lento e dolorido. Exige sofrimento, dor. Uma dor que não dá para
entender o quanto é física, o quanto é emocional, mas dói como uma punhalada, tira
nosso ar e a vontade de acordar no dia seguinte. Exige choro, saudade. Um choro
compulsivo, uma saudade apertada de algo que nunca mais voltará. Um
aperto no peito que oprime, pesa. Exige raiva, revolta, mágoa. Por que comigo?
Por que com a gente? Onde erramos? Impossível não nos enchermos de perguntas
muitas vezes sem respostas. Impossível não querer enganar aquele amor que ainda
está ali, incomodando, com uma raiva cega, irracional. E não adianta querer sair
por aí mostrando que você está bem enquanto seu coração está em pedaços,
ninguém acredita. Nosso coração grita muito mais alto do que imaginamos.
Contudo, todo luto exige, também, uma recuperação. Que dure
meses ou anos, ela precisa chegar. Aquela hora que você olha para dentro de si
e diz: chega! Você chorou, sofreu,
sentiu raiva, maldisse o amor e a paixão, xingou, bebeu e mandou mensagem,
ligou, ficou sem comer e sem dormir. Agora já deu. Chegou a hora de
abrir as janelas do coração, tirar o pó, deixar entrar um ar. Chegou a hora de
arrumar a casa para receber novas visitas. De se olhar no espelho e ver como
você conseguiu se sair bem e muito mais forte de tudo isso. Chegou a hora de
você colocar um vestido florido e sorrir para o mundo.
Pode ser que as feridas ainda não tenham cicatrizado
totalmente e que você ainda derrame algumas lágrimas. Pode ser que você ainda tenha medo de se
deixar viver tudo novamente, de se entregar para alguém, de permitir que uma
nova paixão apareça. Mas isso também vai passar. Enquanto isso, apaixone-se por
si mesma. Quando menos imaginar alguém se apaixona por você e você, olha só,
vai voltar a sorrir como uma boba e sentir aquelas borboletas tão gostosas no
estômago sem nem perceber.