A vida havia entrado em um emaranhado de acontecimentos penosos, difíceis de lidar. Não era uma montanha russa, parecia mais queda livre em um abismo sem fundo. Precisava de uma trégua, apertar o botão de pausa, respirar fundo, aliviar a cabeça e o coração.
A pressão era interna. Não foi fácil criar essa imagem de mulher independente, forte, determinada. A rocha, que dá conta de tudo sozinha. A mulher maravilha. Essa que cuidava de todos e não se deixava cuidar por ninguém. Que levava bronca da analista, do astrólogo, da terapeuta. Mas difícil mesmo era admitir a falta que faz um abraço, um colo. Admitir a saudade, a vontade de estar junto. Aqueles momentos que só um aconchego salva.
Ia, então, empurrando seus dias com a barriga. Sem sono, sem fome, sem ânimo. Colecionava mensagens não retribuídas e perguntas não respondidas. Procurava preocupações, alguém precisasse de sua ajuda para que ela não necessitasse olhar para dentro e admitir que não dá conta sozinha. Escondia-se nas necessidades alheias e transformava suas angústias em brigas desnecessárias para não precisar dizer: eu preciso de você. Porque, no fundo, não admitia precisar.
Queria gritar. Mas preferia escrever.
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